Reservou hotel online? Veja como evitar cair em golpes de viagem

Com a aproximação das férias e feriados prolongados, muitos brasileiros começam a buscar passagens aéreas, hospedagens e pacotes de viagem na internet. No entanto, especialistas em segurança digital alertam: plataformas de turismo — desde grandes sites até agências menos conhecidas — têm se tornado alvos frequentes de golpistas. O resultado pode ser frustrante e caro: consumidores pagando por viagens que nunca acontecem, reservas que não existem ou cobranças indevidas que se estendem no cartão de crédito.
Nos últimos anos, o Brasil registrou um aumento expressivo de fraudes ligadas ao setor turístico. Segundo dados de empresas de cibersegurança, páginas falsas que se passam por companhias aéreas, hotéis e portais de viagens cresceram mais de 200% na temporada de férias de 2024. A projeção é que o número seja ainda maior neste fim de ano e no início de 2026, com o aumento do turismo nacional e internacional.
Golpes variam, mas objetivo é sempre o mesmo: enganar o consumidor
Os golpes relacionados ao turismo na internet podem assumir várias formas. Entre os mais comuns, estão:
Sites falsos que imitam marcas conhecidas, oferecendo promoções irresistíveis de passagens e hospedagens.
Anúncios fraudulentos em redes sociais, especialmente no Instagram e TikTok, com ofertas de pacotes a preços “milagrosos”.
Agências de viagem inexistentes, que desaparecem logo após o pagamento.
Reservas clonadas, quando o consumidor recebe uma confirmação falsa, mas o hotel nunca chegou a registrar a reserva.
Golpe da milha, no qual passagens são compradas com milhas obtidas ilegalmente e canceladas pouco antes da viagem.
O método preferido dos fraudadores, segundo especialistas, é explorar a pressa e a vontade de economizar. “O consumidor vê uma passagem para um destino desejado por um preço muito abaixo do normal e age rapidamente com medo de perder a promoção. É justamente nesse momento que o golpista atua”, explica um analista de cibersegurança ouvido pela reportagem.
Redes sociais se tornaram porta de entrada para golpes
Se antes os golpes eram restritos a e-mails fraudulentos e sites suspeitos, hoje as redes sociais se tornaram o principal meio de abordagem. Perfis no Instagram e no Facebook anunciam pacotes completos com hospedagem, passagem e passeios por valores que chegam a até 60% mais baixos.
Para convencer a vítima, esses perfis usam:
Montagens de avaliações positivas;
Logotipos de empresas conhecidas;
Fotos de viagens reais retiradas de bancos de imagem;
Perfis falsos comentando que “a promoção é real”.
Muitas vezes, o pagamento é solicitado via PIX, sem emissão de nota fiscal, sob o argumento de ser uma “oferta relâmpago”. Após o pagamento, a página desaparece, ou o cliente descobre dias antes do embarque que a reserva nunca existiu.
Plataformas grandes também são alvo — e nem sempre conseguem impedir as fraudes
Embora as ofertas suspeitas sejam mais comuns em páginas desconhecidas, até grandes plataformas do setor têm enfrentado dificuldades para lidar com golpes e brechas de segurança. Em marketplaces de viagens, por exemplo, vendedores terceirizados podem oferecer hospedagens sem autorização, cujos dados são inseridos de forma manual e sem verificação suficiente.
Hóteis e pousadas, por outro lado, também relatam terem seus nomes usados indevidamente. Em alguns casos, criminosos criam sites clonados idênticos aos oficiais, alterando apenas o domínio — por exemplo, trocando o “.com.br” por “.net” ou “.org”.
“É muito difícil, para o consumidor comum, perceber essa diferença de endereço. Tudo parece real, incluindo o layout, logotipos e fotos”, explica um consultor de TI especializado em phishing.
Como identificar uma oferta suspeita antes de pagar
Diante desse cenário, especialistas orientam que o consumidor adote uma postura cautelosa. Alguns sinais indicam que a oferta pode ser um golpe:
| Sinal de alerta | O que significa |
|---|---|
| Preço muito abaixo da média | Promoções exageradas costumam ser isca |
| Pagamento somente via PIX ou transferência | Sem meios de contestação ou cancelamento |
| Site com domínio estranho ou recém-criado | Possível página clonada ou temporária |
| Falta de CNPJ, telefone fixo ou endereço comercial | Agência pode não existir |
| Avaliações escassas ou todas muito positivas | Indicativo de manipulação |
Além disso, recomenda-se:
Verificar a reputação da empresa no Reclame Aqui e no Procon.
Checar se o CNPJ está ativo no site da Receita Federal.
Pesquisar o nome da empresa em grupos de viagens e fóruns online.
Priorizar pagamentos com cartão de crédito, que permitem contestação.
O que fazer se você caiu em um golpe
Caso o consumidor perceba que foi vítima de fraude, é importante agir rapidamente:
Registrar um boletim de ocorrência online ou presencial.
Contactar o banco solicitando bloqueio da transação, quando possível.
Guardar prints de conversas, comprovantes e anúncios para reforçar a denúncia.
Notificar o site, caso a compra tenha sido feita por meio de plataforma intermediária.
Embora a recuperação total do valor não seja garantida, a rapidez aumenta as chances de sucesso.
Autoridades reforçam importância da educação digital
Órgãos de defesa do consumidor afirmam que o combate aos golpes depende de duas frentes: fiscalização e informação. A fiscalização envolve derrubar sites fraudulentos, rastrear contas suspeitas e responsabilizar grupos criminosos. Já a informação orienta o consumidor a reconhecer riscos e a adotar práticas seguras.
“A internet facilita o acesso ao turismo, mas também ampliou as possibilidades de fraude. Por isso, a educação digital é fundamental”, destacou um representante do Procon-SP.
Planejar com cuidado é a chave para viajar sem preocupação
Em um cenário de aumento de golpes, economizar nas férias continua sendo possível — desde que o consumidor seja criterioso. Antes de fechar um pacote, a recomendação é:
Comparar preços em mais de um site;
Pesquisar a reputação da agência;
Confirmar diretamente com hotéis e companhias aéreas as reservas realizadas;
Desconfiar de urgência e promoções com tempo limitado.
Viajar continua sendo um dos principais sonhos do brasileiro, e o setor de turismo segue aquecido. Porém, em tempos de golpes cada vez mais sofisticados, planejar a viagem com atenção pode ser tão importante quanto escolher o destino.