Golpe no INSS: PF investiga fraude que lesou cofres públicos em milhões

A Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e com apoio da Caixa Econômica Federal, deflagrou nesta quarta-feira a Operação Recupera, para desarticular uma organização criminosa envolvida em fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O prejuízo estimado aos cofres públicos gira em torno de R$ 3 milhões.
O esquema
As investigações apontam que o grupo, formado por funcionários e ex-funcionários da Caixa Econômica Federal, atuava desde 2018, valendo-se de seus acessos aos sistemas informatizados do banco para inserir dados falsos que resultavam na concessão indevida de benefícios — tanto assistenciais quanto previdenciários.
Entre as fraudes identificadas:
Realização de comprovações de vida fraudulentas de pessoas fictícias ou já falecidas.
Emissão de segundas vias de cartões para beneficiários inexistentes.
Autorização de pagamentos irregulares.
Uso de documentos adulterados para habilitar benefícios.
Atuação sincronizada, com inserção organizada de dados falsos nos sistemas.
Demissões e continuidade do esquema
A Caixa instaurou procedimento disciplinar que resultou na demissão dos envolvidos em 2022, após constatar condutas ilícitas e antecedentes disciplinares relacionados à concessão indevida de benefícios. No entanto, mesmo após o desligamento, os suspeitos deram continuidade ao esquema — delegando a terceiros o saque mensal de pelo menos 17 benefícios fraudulentos ainda ativos.
Ação judicial e operacional
A Justiça Federal autorizou:
Seis mandados de busca e apreensão, a serem cumpridos em áreas estratégicas do Rio de Janeiro (Nilópolis, Itaboraí, Cavalcanti e Méier) e em Santa Catarina (Florianópolis e Tubarão).
Medidas de bloqueio e indisponibilidade de bens e ativos, com valor correspondente ao prejuízo estimado em R$ 3 milhões.
Criminalização e desdobramentos
Os investigados poderão responder por diversos crimes, entre os quais se destacam:
Organização criminosa;
Peculato eletrônico;
Potencialmente, estelionato previdenciário e falsidade ideológica.
As investigações seguem em curso, com o objetivo de identificar outros envolvidos, recuperar os valores desviados e interromper completamente o esquema.
Essa operação se soma a outros importantes desdobramentos envolvendo o INSS e fraudes no sistema previdenciário. Uma investigação anterior, conhecida como Operação Sem Desconto, revelou um esquema de descontos irregulares em benefícios que teria causado prejuízo de R$ 6,3 bilhões de 2019 a 2024 — afetando cerca de 4,1 milhões de beneficiários.
Outras operações recentes incluem:
Operação Caça ao Tesouro (março de 2025): esquema que envolvia fraudes em saques de benefícios previdenciários, com estimado prejuízo de R$ 50 milhões.
Operação Barbour (2018): investigou fraudes que geraram um prejuízo estimado de R$ 170 milhões, envolvendo servidores do Banco do Brasil e concessões irregulares de benefícios do INSS.
Esses casos revelam a magnitude das fraudes que atingem o sistema previdenciário brasileiro, reforçando a necessidade de melhores controles, transparência e fiscalização. A nova CPMI do INSS, instaurada em junho de 2025, também busca apurar suspeitas de fraudes massivas, como descontos indevidos em pensões e aposentadorias.