Conta de luz em novembro segue mais cara com bandeira vermelha, confirma Aneel

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária aplicada às contas de energia elétrica em novembro permanecerá na categoria Vermelha Patamar 1, mantendo o custo adicional para consumidores residenciais e empresariais em todo o país.

A decisão, confirmada em comunicado oficial, reflete o cenário hidrológico ainda desfavorável e a necessidade de manter o acionamento de usinas térmicas, mais caras e poluentes, para garantir o fornecimento de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN).

Com essa definição, a tarifa de energia sofre um acréscimo de R$ 4,97 a cada 100 kWh consumidos, valor que deve se manter ao longo do mês. Para milhões de famílias, isso significa que a conta de luz segue mais elevada, exigindo um consumo mais consciente para evitar impacto no orçamento doméstico.

Por que a bandeira vermelha continua?

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel para tornar mais transparente o custo real da geração de energia no país. Em momentos de escassez hídrica ou quando há necessidade de utilizar termelétricas — que possuem custo operacional superior — a bandeira muda de cor, indicando o aumento no preço da energia consumida.

No caso atual, fatores climáticos continuam pressionando o setor. O Brasil passa por um período de irregularidade na distribuição de chuvas, sobretudo nas regiões consideradas estratégicas para os reservatórios das hidrelétricas. Embora haja expectativa de aumento das precipitações ao longo do verão, os níveis de armazenamento ainda não se recuperaram o suficiente para permitir a redução da bandeira.

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o volume útil dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste — responsáveis por cerca de 70% da capacidade de armazenamento do país — ainda se encontra abaixo dos níveis considerados seguros para operação com menor custo. Isso impede o retorno à bandeira amarela ou verde, opções mais baratas para os consumidores.

Termelétricas pesam no orçamento do sistema

Para equilibrar a oferta e a demanda, o governo e o ONS seguem acionando com maior frequência as usinas termelétricas. Essas plantas utilizam gás natural, óleo combustível ou carvão mineral e, além de serem mais caras, também provocam maior emissão de gases poluentes na atmosfera.

A ativação das termelétricas ocorre quando há risco de desabastecimento ou quando a produção das hidrelétricas é insuficiente. O custo adicional dessa operação é repassado aos consumidores por meio da bandeira tarifária, o que explica o encarecimento da conta de luz em meses de bandeira vermelha.

De acordo com especialistas do setor elétrico, a dependência das termelétricas é um reflexo da necessidade de diversificar a matriz energética e investir mais em fontes sustentáveis, como solar e eólica. Mesmo com o avanço dessas modalidades nos últimos anos, elas ainda não são suficientes para substituir o potencial hidráulico em períodos de seca.

Impacto no orçamento das famílias e das empresas

Com a manutenção da bandeira vermelha em novembro, consumidores devem se preparar para um mês de gastos mais altos com energia elétrica. Para famílias de baixa renda, o impacto pode ser sentido de forma ainda mais intensa, especialmente diante de um cenário econômico que apresenta desafios como inflação elevada, custos com alimentação e endividamento recorde.

Pequenos comércios, serviços e microempresas também sentem o peso da tarifa. Em setores que dependem diretamente de equipamentos elétricos — como padarias, açougues, bares e salões de beleza — o impacto da bandeira vermelha se traduz em aumento do custo operacional, que pode ser repassado ao cliente ou reduzir a margem de lucro do empreendedor.

Para grandes indústrias, por sua vez, o consumo de energia representa uma parcela significativa do custo total de produção. Empresas intensivas em eletricidade, como siderúrgicas e fábricas de cimento, podem enfrentar dificuldades para manter competitividade, reforçando debates sobre a estrutura tarifária do setor e sobre incentivos a autogeração de energia.

Estratégias para reduzir o consumo

Diante do cenário de tarifa elevada, especialistas recomendam uma série de ações para diminuir o consumo e, consequentemente, o valor da fatura. Entre elas:

  • Trocar lâmpadas fluorescentes por LED, que consomem menos energia.

  • Evitar banho muito longo, principalmente em chuveiros elétricos.

  • Desligar aparelhos da tomada quando não estiverem em uso, pois muitos continuam consumindo energia no modo standby.

  • Regular o uso de ar-condicionado, limpando filtros e mantendo a temperatura em níveis moderados.

  • Investir em eletrodomésticos mais eficientes, observando a classificação de consumo do selo Procel.

Embora possam parecer medidas simples, essas práticas podem gerar economia significativa ao final do mês.

Quando a bandeira pode voltar a ficar verde?

O retorno da tarifa à bandeira verde, que não gera custos adicionais ao consumidor, depende da recuperação dos reservatórios e de condições climáticas mais favoráveis. Historicamente, os meses mais chuvosos começam em novembro e se intensificam no verão, mas ainda é cedo para afirmar se haverá melhora suficiente para reduzir os custos no curto prazo.

A Aneel e o ONS continuarão monitorando diariamente os indicadores hidrológicos, o nível dos reservatórios e a demanda nacional por energia. Caso o cenário hídrico apresente melhora consistente, é possível que a bandeira reduza nos próximos meses, mas essa interpretação depende de variáveis climáticas que fogem do controle do setor.

Energia sustentável: um caminho necessário

A situação atual reacende a discussão sobre a necessidade de investimentos mais amplos em energia renovável. Nos últimos anos, o Brasil tem avançado na instalação de parques eólicos e solares, especialmente no Nordeste, onde o potencial para essas fontes é considerado um dos maiores do mundo.

Contudo, apesar dos avanços, ainda há desafios na transmissão e integração dessas fontes ao restante do país. Algumas regiões produtoras possuem infraestrutura limitada, o que dificulta o aproveitamento pleno do potencial renovável.

Especialistas apontam que o país precisa acelerar investimentos estruturais, ampliar a modernização das linhas de transmissão e incentivar modelos de geração distribuída — como o uso de painéis solares residenciais e empresariais.

A decisão da Aneel de manter a bandeira tarifária vermelha patamar 1 nas contas de luz de novembro reforça a importância de acompanhar o cenário hidrológico e de buscar medidas de eficiência energética no dia a dia. Enquanto o país enfrenta a combinação de reservatórios baixos e maior uso de termelétricas, consumidores precisam estar atentos ao consumo para evitar gastos adicionais.

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