Horário de verão em 2025: governo avalia retorno e impacto na conta de luz

A cada ano, quando os dias começam a ficar mais longos e as temperaturas sobem, volta à tona uma das discussões mais polêmicas do calendário nacional: o horário de verão. Em 2025, o debate ganhou força novamente, com setores da economia, especialistas em energia e até representantes do governo analisando se a medida pode ou não retornar ao Brasil.

O tema desperta paixões. De um lado, há quem defenda que a mudança no relógio ajuda a economizar energia e estimula setores como comércio e turismo. Do outro, especialistas em saúde e estudos recentes apontam que os benefícios energéticos diminuíram com o passar dos anos, ao mesmo tempo em que os prejuízos para o sono e a produtividade da população se tornaram mais evidentes.

Mas afinal, teremos horário de verão em 2025? O que está em análise? E como essa decisão pode afetar o bolso e a rotina dos brasileiros?

O histórico do horário de verão no Brasil

O horário de verão foi adotado pela primeira vez no Brasil em 1931, no governo de Getúlio Vargas. A ideia era simples: adiantar os relógios em uma hora durante os meses de maior luminosidade natural, aproveitando melhor a luz solar e reduzindo o consumo de energia elétrica.

Ao longo das décadas, o sistema foi aplicado de forma intermitente, com períodos em que era suspenso e depois retomado. A última vez que os brasileiros adiantaram os ponteiros foi em 2018.

No ano seguinte, o governo federal decidiu suspender a prática com base em estudos do Ministério de Minas e Energia e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que apontaram queda nos ganhos de economia de energia devido à popularização dos aparelhos de ar-condicionado.

O que está em jogo em 2025

Em 2025, a discussão volta ao centro das atenções. O governo federal recebeu relatórios técnicos sobre a possibilidade de reintroduzir o horário de verão a partir de outubro.

Entre os fatores em análise estão:

  • Demanda por energia elétrica: O consumo de eletricidade tende a aumentar nos meses de calor, especialmente por causa dos aparelhos de refrigeração.

  • Impacto financeiro: Reduzir picos de demanda poderia aliviar pressões sobre o sistema elétrico, evitando custos adicionais com geração térmica, que é mais cara.

  • Saúde da população: Pesquisas mostram que a alteração no relógio pode prejudicar a qualidade do sono, aumentar o risco de doenças cardiovasculares e reduzir a produtividade.

  • Clima e sustentabilidade: Com o avanço das discussões sobre mudanças climáticas, medidas que tragam eficiência energética voltaram a ganhar espaço.

Bastidores em Brasília: quem defende e quem resiste

Nos bastidores, o tema divide ministérios e setores estratégicos. O Ministério de Minas e Energia estuda os dados de consumo e os custos do sistema, enquanto o Ministério da Saúde mantém posição cautelosa, reforçando que a medida pode trazer impactos negativos para a população.

Parlamentares de estados do Sul e Sudeste, onde a variação da luminosidade é mais perceptível, pressionam pelo retorno, alegando que o comércio e o turismo se beneficiariam de dias mais longos. Já representantes do Norte e Nordeste argumentam que, por estarem próximos à linha do Equador, o horário de verão traz pouco efeito prático e pode até confundir a rotina da população.

Economia de energia: ainda faz diferença?

No passado, os ganhos eram expressivos. Em 2013, por exemplo, a redução no consumo chegou a cerca de 2.000 megawatts em horários de pico, equivalente à demanda de uma cidade como Brasília.

No entanto, o cenário mudou. Com a popularização do ar-condicionado e outros eletrodomésticos de alto consumo, a economia caiu drasticamente. Estudo de 2018 mostrou que o horário de verão já não reduzia significativamente o gasto energético e, em alguns casos, poderia até aumentar o consumo devido ao maior uso de refrigeração à noite.

Apesar disso, especialistas apontam que, em momentos de crise hídrica ou alta demanda, mesmo uma economia menor poderia ajudar a evitar apagões ou aliviar pressões sobre o sistema elétrico.

O impacto na conta de luz

Um dos principais pontos de interesse da população é o impacto no bolso. A conta de luz dos brasileiros tem sofrido reajustes constantes, pressionada por fatores como a crise hídrica de anos anteriores, aumento do custo de geração e encargos setoriais.

Se o horário de verão retornar, a promessa é de um possível alívio, ainda que pequeno. A lógica é simples: se o sistema elétrico precisa acionar menos usinas térmicas, que são mais caras, a economia pode ser repassada ao consumidor. No entanto, especialistas alertam que esse efeito seria limitado, já que a matriz energética do país é cada vez mais diversificada.

Saúde e produtividade: o lado oculto do relógio adiantado

Embora muitas vezes ignorado, o impacto do horário de verão na saúde é significativo. Alterar o relógio em uma hora mexe diretamente com o ritmo circadiano — o “relógio biológico” que regula o sono e outros processos do organismo.

Pesquisas médicas indicam que a mudança pode aumentar casos de insônia, fadiga e até riscos cardiovasculares nas primeiras semanas após a adoção. Além disso, há impacto na produtividade, com trabalhadores e estudantes apresentando queda de rendimento nas manhãs seguintes à alteração.

Essa preocupação tem ganhado cada vez mais peso nas decisões governamentais, principalmente após a pandemia, quando a saúde mental e o bem-estar da população entraram em pauta com mais força.

Comércio e turismo: setores que torcem pelo retorno

Se por um lado o horário de verão divide opiniões entre especialistas em energia e saúde, do outro há setores econômicos que veem a medida como uma oportunidade.

Com mais uma hora de luz natural no fim do dia, restaurantes, bares, shoppings e atrações turísticas registram aumento no movimento. O setor de turismo, em especial, argumenta que a medida ajuda a estender o tempo de lazer, favorecendo o consumo e a geração de empregos temporários.

Em 2017, por exemplo, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) estimou que o horário de verão trouxe um incremento de até 5% no faturamento de estabelecimentos voltados ao lazer noturno.

A opinião pública: divisão entre nostalgia e rejeição

Nas redes sociais, o tema gera debates acalorados. Muitos brasileiros associam o horário de verão a lembranças positivas, como aproveitar mais tempo ao ar livre após o trabalho ou a escola. Outros, no entanto, destacam o cansaço e a dificuldade de adaptação, especialmente nas primeiras semanas.

Pesquisas de opinião realizadas em anos anteriores mostraram que a população está praticamente dividida: cerca de metade gostaria que a medida voltasse, enquanto a outra metade prefere manter o horário atual.

O que o governo deve decidir

Até o momento, o governo não bateu o martelo. A decisão final deve levar em conta os relatórios técnicos do ONS, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Ministério da Saúde. A expectativa é de que um anúncio seja feito até o início de outubro de 2025, já que, se aprovado, o horário de verão começaria tradicionalmente no último domingo daquele mês.

Possíveis cenários

  1. Retorno em 2025: o governo pode decidir retomar o horário de verão em caráter experimental, avaliando seus efeitos ao longo de um ou dois anos.

  2. Suspensão mantida: a decisão pode ser adiada novamente, com o argumento de que os custos superam os benefícios.

  3. Modelo regionalizado: uma proposta em discussão seria aplicar o horário de verão apenas em estados que se beneficiam mais da medida, como os do Sul e Sudeste, embora essa alternativa traga desafios logísticos e de comunicação.

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