Gás do Povo: Governo vai distribuir botijão gratuito para 15,5 milhões de famílias de baixa renda

m um dos movimentos mais ambiciosos da história recente da política social brasileira, o governo federal lançou em 4 de setembro de 2025, durante evento em Belo Horizonte, o programa Gás do Povo. A iniciativa promete distribuir botijões de gás de cozinha gratuitos a cerca de 15,5 milhões de famílias de baixa renda, ampliando o alcance do antigo Auxílio Gás em três vezes.

O que é o programa Gás do Povo?

Coincidindo com desafios persistentes de inflação, crescimento do custo de vida e desigualdade social, o lançamento do programa reflete o compromisso do governo de garantir acesso ao cozimento limpo e à segurança alimentar.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que o objetivo é restituir à população o direito de comer com dignidade, afirmando que “o que falta nesse país não é dinheiro, é tratar o povo com o respeito e a decência que o povo brasileiro precisa”.

Como funcionará

Desmembrado em quatro frentes operacionais, o Gás do Povo permitirá que as famílias beneficiárias retirem o botijão diretamente nas revendas credenciadas, sem necessidade de pagamento em dinheiro:

  1. Via aplicativo “Vale Digital” (desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social – MDS);

  2. Cartão físico do programa;

  3. QR Code acessível por meio do cartão do Bolsa Família;

  4. Cartão do Bolsa Família propriamente dito .

Revendas licenciadas exibirão a identidade visual do programa, com logotipos padronizados em todos os materiais — botijões, veículos, fachadas e folhetos — para garantir transparência e visibilidade.

Critérios de elegibilidade e prioridade

Terão direito ao benefício famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com renda per capita mensal de até meio salário mínimo (R$ 759). Dentre essas, as que recebem o Bolsa Família — com renda per capita de até R$ 218 — terão prioridade.

A previsão é de que os botijões comecem a ser distribuídos já a partir de 30 de outubro de 2025, com implantação completa até março de 2026.

Quantidade por família

A quantidade de botijões liberados por ano será ajustada de acordo com o tamanho da família:

  • Famílias com 2 integrantes: até 3 botijões por ano (valores com validade de 4 meses cada);

  • Famílias com 3 integrantes: até 4 botijões por ano (valores com validade de 3 meses cada);

  • Famílias com 4 ou mais integrantes: até 6 botijões por ano (valores com validade de 4 meses cada).

Alcance geográfico e números

A proposta pretende atender cerca de 50 milhões de pessoas, distribuídas em aproximadamente 15,5 milhões de famílias. A estimativa anual é de 65 milhões de botijões distribuídos.

As regiões beneficiadas refletem a distribuição das famílias de baixa renda:

  • Nordeste: cerca de 7,1 milhões de famílias;

  • Sudeste: 4,4 milhões;

  • Norte: 2,1 milhões;

  • Sul: 1,1 milhão;

  • Centro‑Oeste: 889 mil.

Em âmbito estadual, os que receberão mais beneficiários são Bahia (1,84 milhão), São Paulo (1,87 milhão), Minas Gerais (1,20 milhão), Pernambuco (1,14 milhão), Ceará (1,13 milhão), Pará (1,11 milhão), Maranhão (1,01 milhão) e Rio de Janeiro (1,12 milhão).

Financiamento e orçamento

O programa será custeado integralmente com recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA), sem necessidade de créditos extraordinários:

  • 2025: investimento previsto de R$ 3,57 bilhões;

  • 2026: previsão de R$ 5,1 bilhões.

Impactos sociais e ambientais

A transição do uso de lenha para o gás de cozinha pode reduzir em até 50% o uso de lenha, contribuindo para a melhoria da saúde pública, sobretudo das mulheres e crianças que frequentemente respiram fumaça tóxica.

Dados do IBGE (2022) apontam que 12,7 milhões de famílias combinam o uso de lenha com botijão, sendo que cerca de 5 milhões são de baixa renda, correspondendo a aproximadamente 15 milhões de pessoas ainda expostas à fumaça nociva. A queima de biomassa pode elevar em até 33 vezes os poluentes acima dos limites recomendados pela OMS, aumentando em duas a três vezes o risco de doenças respiratórias.

Além disso, esse acesso ao gás permite liberar tempo de famílias que gastavam em média 18 horas semanais na coleta de lenha, abrindo espaço para estudo, trabalho ou outras atividades produtivas.

Transparência, regionalização e impactos econômicos

Os preços dos vouchers serão definidos por estado, com base em custo de referência calculado pelos ministérios da Fazenda e Minas e Energia, com base nos preços da ANP. Essa diferenciação visa reduzir as desigualdades regionais. Os valores não incluem o frete.

Em localidades sem revendas credenciadas, especialmente municípios menores, as famílias deverão se deslocar até o município mais próximo, conforme regras detalhadas pelo Ministério.

Legislação e tramitação

A criação do programa se deu por meio da Medida Provisória nº 1.313/2025, que entra em vigor imediatamente com a assinatura do presidente no dia 4 de setembro. A MP precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias, sob pena de perder validade.

O texto está alinhado a compromissos internacionais, como a Agenda 2030 e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 7 — acesso universal a tecnologias limpas de cocção — e reafirma o Brasil como protagonista em transição energética justa no G20 e BRICS .

Transição e continuidade de outros benefícios

Enquanto a migração do regime em dinheiro (Auxílio Gás) para o formato físico (botijão gratuito) ocorre, os beneficiários continuam recebendo normalmente o valor em espécie. A troca é gradual

Botão Voltar ao topo