Fim da escala 6×1: trabalhadores comemoram 3 dias de folga por semana — entenda a mudança

A tradicional escala de 6×1 — seis dias de trabalho seguidos por apenas um dia de descanso — pode estar com os dias contados no Brasil. Em Brasília, avança uma proposta com potencial de transformar a rotina de milhões de trabalhadores.
Se aprovada, a PEC 8/25, que propõe a diminuição da jornada semanal para 36 horas distribuídas em quatro dias úteis, pode significar não apenas mais horas de descanso, mas uma nova forma de viver e produzir. Veja os detalhes.
O que propõe a PEC 8/25
Protocolada em 25 de fevereiro de 2025 pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), a Proposta de Emenda à Constituição 8/25 atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados estabelece:
Jornada diária limitada a 8 horas;
Máximo de 36 horas semanais;
Escala de quatro dias de trabalho por três de descanso — ou seja, fim da rota 6×1.
Se confirmada, a nova regra entraria em vigor 360 dias após sua promulgação.
Contexto do atual sistema de escala
A Constituição e a CLT permitem até 8 horas diárias e 44 horas semanais, com duas horas extras diárias, o que torna comum a escala 6×1 no Brasil, especialmente em setores como comércio, serviços e indústria.
Benefícios esperados para os trabalhadores
Um novo ritmo de trabalho pode trazer impactos positivos:
Mais tempo para descanso, lazer e convivência familiar, resultando em maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Experiências em outros países, como na Europa, mostram melhorias na qualidade de vida sem comprometer produtividade
O deputado Vicentinho (PT-SP) lembra que estudos indicam ganhos de produtividade com jornadas mais curtas, e compara a proposta à redução histórica da jornada de 48 para 44 horas da Constituição de 1988.
O movimento Vida Além do Trabalho, que ganhou força nas redes sociais e acumulou mais de 2 milhões de assinaturas, impulsiona a PEC como parte da luta por direitos laborais dignos.
Prazo e trâmites legislativos
Para tramitar, a PEC já conta com 171 assinaturas, o mínimo necessário. Ela será analisada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e depois por uma comissão especial, antes de ir ao plenário da Câmara — onde precisa dos votos de 308 deputados em dois turnos. Em seguida, seguirá ao Senado.
Cautelas e receios empresariais
Nem todos veem a mudança com otimismo:
Para empregadores, a redução da jornada sem corte de salários pode levar a aumento de custos, com necessidade de contratar mais pessoal ou pagar horas extras.
Setores que exigem funcionamento contínuo — como saúde, transporte, comércio e serviços — podem enfrentar dificuldades de adaptação.
O debate realizado pela Fundacentro ressaltou que a redução da jornada não deve vir acompanhada de intensificação do trabalho ou queda salarial, mas sim de criação de empregos e ampliação do tempo de lazer.
Apoio popular e mobilização social
A proposta ganhou relevância graças à mobilização de movimentos sociais, sindicatos e cidadãos. O Movimento Vida Além do Trabalho promoveu audiências públicas e campanhas online que influenciaram a adesão de parlamentares.
Em debates no plenário, deputados como Chico Alencar e Jandira Feghali afirmaram que a escala 6×1 é exaustiva e defasada, propondo uma jornada mais humana e equitativa.
Panorama de impactos sociais e econômicos na nova escala
Impactos sociais positivos:
Mais bem-estar, redução do esgotamento físico e mental.
Estímulo ao lazer, cultura e estudo.
Possível aumento do consumo e da economia movida pelo tempo livre.
Geração de mais empregos.
Riscos econômicos levantados:
Aumento de despesas para empresas.
Desafios logística/operacionais em setores com alta demanda contínua.
Possível resistência na fase de transição.
Conclusão
A proposta de pôr fim à escala 6×1 e adotar a jornada 4×3 representa uma mudança paradigmática nas relações de trabalho no Brasil. Apesar dos desafios, especialmente econômicos e operacionais, os benefícios potenciais em saúde, bem-estar e produtividade são relevantes.
O sucesso da proposta dependerá do equilíbrio entre direitos sociais e sustentabilidade econômica. O debate continua e precisa ser acompanhado de perto para que possa realmente melhorar a vida do trabalhador brasileiro.