Abono natalino apenas em estados: Governo não pagará 13º federal em 2025

O pagamento de um possível 13º salário do Bolsa Família em 2025 voltou a ser assunto entre os beneficiários do programa social mais importante do país.
Com o início do segundo semestre, muitas famílias começam a se planejar para o fim do ano e, naturalmente, querem saber se haverá ou não o pagamento de uma parcela extra do benefício — o chamado “13º do Bolsa Família”.
A expectativa é grande, principalmente porque a medida já foi adotada anteriormente, ainda durante o governo Bolsonaro. No entanto, o Governo Federal, sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem adotando uma postura diferente em relação à concessão desse abono.
Diante disso, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) emitiu um informe oficial esclarecendo a situação.
O que é o 13º salário do Bolsa Família?
O chamado 13º do Bolsa Família não faz parte das diretrizes originais do programa. A iniciativa foi implementada de forma excepcional no ano de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, como uma forma de auxílio adicional no fim do ano.
Na ocasião, os beneficiários receberam o pagamento extra junto à parcela regular de dezembro, o que gerou expectativa para os anos seguintes.
No entanto, desde então, o abono não foi retomado. Em 2020 e nos anos seguintes, o governo federal alegou falta de previsão orçamentária e também questionamentos legais quanto à continuidade do pagamento.
O que o Governo Lula disse sobre o 13º do Bolsa Família?
Em julho de 2025, diante de questionamentos crescentes da população e de parlamentares, o MDS divulgou um informe oficial sobre o tema. Segundo o documento, não há previsão orçamentária para o pagamento de um 13º salário do Bolsa Família neste ano.
A nota destaca que o programa Bolsa Família, reformulado em 2023 pelo governo Lula, já contempla uma série de benefícios adicionais, como:
Parcela base de R$ 600;
Benefício Primeira Infância: R$ 150 por criança de até 6 anos;
Benefício Variável Familiar: R$ 50 por integrante entre 7 e 18 anos ou gestantes;
Benefício de Renda de Cidadania: R$ 142 por pessoa da família.
Segundo o governo, essas medidas tornam o programa mais completo e estruturado, não sendo necessário, no momento, um pagamento extra como o 13º.
Há possibilidade de o Congresso aprovar o 13º?
Mesmo sem previsão por parte do Executivo, o tema continua em pauta no Congresso Nacional. Atualmente, há projetos de lei tramitando tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal que propõem a instituição definitiva de um 13º salário anual para os beneficiários do Bolsa Família.
Um dos principais projetos em debate é o PL 625/2023, que sugere que o 13º seja pago anualmente em dezembro, com base nas parcelas recebidas ao longo do ano. A proposta, no entanto, esbarra em questões orçamentárias, já que a medida exigiria recursos adicionais estimados em R$ 8 bilhões por ano.
A equipe econômica do governo considera que, no cenário atual de contenção de gastos e foco no equilíbrio fiscal, seria inviável aprovar esse tipo de despesa sem comprometer outras áreas prioritárias.
Reações entre beneficiários e parlamentares
A confirmação de que o 13º do Bolsa Família não será pago em 2025 gerou frustração entre muitas famílias de baixa renda.
Para elas, o valor adicional seria fundamental no fim do ano, principalmente para lidar com os custos sazonais com alimentação, vestuário, materiais escolares e outras despesas típicas do período.
Parlamentares da oposição aproveitaram o momento para criticar o governo. Em diversas manifestações nas redes sociais e no plenário do Congresso, deputados e senadores afirmaram que “o governo Lula abandonou os mais pobres ao negar o 13º do Bolsa Família”.
Por outro lado, aliados do governo argumentam que os valores pagos atualmente pelo programa são significativamente superiores aos pagos anteriormente, e que a reformulação foi pensada para garantir assistência continuada e eficiente ao longo do ano, e não apenas em dezembro.
O que os especialistas dizem?
Especialistas em políticas públicas e economia apontam que, embora o pagamento de um 13º seja bem-vindo para as famílias, é necessário considerar o impacto fiscal da medida. Como o Bolsa Família atende mais de 21 milhões de famílias, qualquer ampliação nos valores pagos precisa vir acompanhada de ajustes no orçamento.
Além disso, há quem defenda que o foco do governo deve ser na inclusão produtiva das famílias beneficiárias, por meio de programas de capacitação profissional, microcrédito e geração de empregos formais, para que a dependência de auxílios seja reduzida gradualmente.
A economista Ana Paula Machado, do Instituto de Estudos Sociais e Econômicos, destaca:
“O 13º salário do Bolsa Família, embora tenha apelo popular, pode não ser a política mais eficaz no combate à pobreza. Reforçar os benefícios regulares e investir na transição dos beneficiários para o mercado de trabalho tende a ser mais sustentável.”
Como fica o pagamento regular do Bolsa Família em 2025?
Apesar da ausência de um 13º, os pagamentos regulares do Bolsa Família seguem garantidos em 2025. O governo manteve o modelo de pagamento escalonado, de acordo com o final do Número de Identificação Social (NIS), com depósitos realizados nos últimos 10 dias úteis de cada mês.
Além disso, o calendário oficial de pagamentos já foi divulgado até dezembro, permitindo que as famílias se programem com antecedência. O valor médio do benefício, segundo o MDS, está em torno de R$ 680 por família.
Outro ponto importante é que as condicionalidades seguem valendo: os beneficiários precisam manter os filhos matriculados na escola, com frequência mínima exigida, e realizar o acompanhamento de saúde, como vacinação e pré-natal, no caso das gestantes.
Existe alguma alternativa ao 13º?
Embora o governo tenha descartado o 13º salário do Bolsa Família, algumas iniciativas pontuais podem representar reforço de renda para os beneficiários, como:
Auxílios estaduais e municipais: Diversos estados e prefeituras oferecem programas complementares ao Bolsa Família, como o Auxílio Carioca, Devolve ICMS (RS), Mães de Pernambuco, entre outros;
Programa Pé-de-Meia: Estudantes do ensino médio de famílias beneficiárias do Bolsa Família podem receber incentivo financeiro mensal, além de bônus por aprovação e conclusão do ciclo;
Cadastro em programas de capacitação: Famílias podem se inscrever em iniciativas de qualificação profissional, como o “Acredita no Primeiro Passo”, que visa preparar jovens para o mercado de trabalho.