Golpe usa fotos de idosos na rua para fraudes bancárias: entenda o crime e como se proteger

Criminosos têm explorado a boa-fé e a vulnerabilidade de idosos no Brasil por meio de um golpe que, aparentemente inofensivo, pode gerar prejuízos financeiros e danos à dignidade das vítimas.
Relatos indicam que abordadores pedem selfies e fotos de rosto, capturando esses registros junto à documentação e depois os usam para burlar sistemas de reconhecimento facial em bancos e órgãos digitais.
Como funciona o golpe que está assustando os idosos
O esquema é sofisticado e baseado em engenharia social. Os criminosos abordam aposentados — como Célia Moreno — pedindo fotos com motivos aparentemente inocentes, como tirar selfies “em agradecimento” por promessa de uma cesta básica.
Durante a abordagem, exigem que a pessoa fique séria, sem óculos ou chapéu, e tiram múltiplas fotos. Também fotografam documentos de identidade e CPF, sob a promessa de facilitar o recebimento do presente.
Essas fotos são utilizadas posteriormente para burlar sistemas de reconhecimento facial. Com a imagem e dados pessoais, os golpistas conseguem solicitar empréstimos em nome das vítimas, que só descobrem o golpe quando começam os descontos em seus benefícios.
No caso de Célia, foram descontados R$ 600 mensais de sua aposentadoria por um empréstimo que nunca contratou.
Por que os idosos são alvos?
Idosos são preferidos pelos criminosos por diversos motivos:
Maior confiança em estranhos, especialmente em situações cotidianas;
Familiaridade limitada com tecnologia, o que dificulta a percepção dos riscos;
Muitas vezes estão em situação socioeconômica vulnerável, o que os torna suscetíveis a promessas de ajuda ou benefícios.
O que é burlar reconhecimento facial?
Sistemas como os do Meu INSS ou apps bancários utilizam biometria facial como método de autenticação. Para funcionar com precisão, o sistema exige fotos com boa resolução e características específicas — expressão neutra, rosto alinhado, ausência de acessórios como óculos ou chapéu.
Os golpistas procuram reproduzir essas condições para capturar imagens compatíveis e enganar o sistema.
Casos e alcance da fraude
Relatos da Polícia Civil do Rio de Janeiro indicam que quadrilhas já identificaram mais de 100 segurados do INSS vítimas da fraude com reconhecimento facial, alcançando dezenas de milhares de reais em prejuízos acumulados.
Além disso, bancos e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) vêm alertando desde 2025 sobre golpes que exploram biometria facial. Um dos mais divulgados é o chamado “golpe da selfie”, onde as vítimas são enganadas por promessas falsas em troca de fotos.
Essa modalidade fere diretamente a segurança dos usuários de sistemas bancários e aplicações como reconhecimento facial.
Impactos financeiros e emocionais
As vítimas não apenas perdem dinheiro, mas também sofrem abalos emocionais: insegurança, desconfiança, medo e até vergonha de relatar o crime.
O uso indevido da biometria facial para autorizar operações bancárias pode gerar débitos que as pessoas passam a carregar por meses, sem saber como reverter a situação.
Como se proteger: dicas essenciais
1. Evite tirar fotos para desconhecidos
Não se afaste dos seus óculos, chapéu ou outros adereços quando alguém pedir uma foto. Prefira selfies com expressão natural — sorrir ajuda a diminuir a precisão da biometria. Nunca permita várias fotos em sequência de rosto fechado e enquadramento próximo.
2. Não entregue documentos para fotografias
Documentos pessoais pertencem a você — jamais mostre ou permita que terceiros os fotografem, mesmo sob promessas de ajuda.
3. Desconfie de presentes ou benefícios prometidos
Golpistas frequentemente oferecem presentes ou auxílios que só podem ser entregues após registro de foto ou informação pessoal. Instituições sérias não solicitam selfies ou documentos via estranhos para liberar benefícios.
4. Consulte familiares antes de agir
Explique situações estranhas a alguém de confiança antes de tomar qualquer decisão. Um segundo olhar pode evitar ciladas.
5. Monitore extratos bancários
Fique alerta a débitos ou empréstimos desconhecidos. Qualquer movimentação estranha deve ser contestada imediatamente na instituição financeira.
O que dizem especialistas e instituições
Especialistas em cibersegurança apontam que o golpe aproveita falhas na regulação e na proteção de dados biométricos.
O uso indevido da imagem facial de idosos vulneráveis evidencia a necessidade de maior regulação e protocolos de segurança nos aplicativos que utilizam essa tecnologia.
Já a Febraban esclarece que os bancos investem fortemente em cibersegurança — cerca de R$ 5 bilhões por ano — e possuem cooperação com órgãos como a Polícia Federal e o Ministério da Justiça para combater fraudes bancárias e digitais.
Por que esse golpe merece atenção urgente
Alcance crescente: com mais de 100 vítimas confirmadas só no Rio, o golpe se espalha rapidamente.
Sofisticação tecnológica: os bandidos conseguem capturar imagens compatíveis com sistemas de autenticação, enganando plataformas que deveriam proteger as vítimas.
Fragilidade dos alvos: idosos têm menor familiaridade digital e podem ser facilmente manipulados.
Prejuízo financeiro e emocional: além de perdas monetárias, há impacto psicológico ao descobrir que foram usados como meio para uma fraude.