Conta de luz deve subir quase o dobro do previsto em 2025, diz ANEEL

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) revisou para cima sua projeção de aumento médio das tarifas de energia elétrica em 2025 (conta de luz), elevando a estimativa de 3,5% para 6,3%.

Esse valor supera a previsão atual de inflação do ano — estimada em 5,05% pelo Boletim Focus do Banco Central — e sinaliza um impacto relevante no orçamento das famílias brasileiras.

O que motivou esse reajuste expressivo na conta de luz?

1. Ampliação da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)

O principal fator para o aumento está ligado à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial responsável por financiar subsídios e políticas públicas no setor elétrico. Em julho, a ANEEL aprovou um orçamento de R$ 49,2 bilhões para 2025, sendo R$ 46,8 bilhões repassados diretamente aos consumidores por meio das tarifas — isso representa um acréscimo de R$ 8,6 bilhões em relação à previsão inicial.

2. Bandeiras Tarifárias pressionadas

Além disso, o cenário hidrológico adverso mantém o acionamento de bandeiras tarifárias até o fim do período seco — previsto para novembro —, o que contribui diretamente para elevar os custos de geração de energia. Em agosto, a mais onerosa, bandeira vermelha patamar 2, está em vigor, adicionando R$ 7,87 por cada 100 kWh consumidos. Somente a partir de dezembro, com a melhora dos reservatórios, é esperada a volta à bandeira verde.

3. Pressão sobre a inflação

O aumento das tarifas de energia acima da inflação prevista pode gerar maior pressão no Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), exigindo atenção especial do Banco Central para suas estratégias de combate à alta dos preços.

Impactos regionais e por categoria de consumo

De acordo com a ANEEL, o impacto do aumento da CDE na conta de luz varia conforme a região e o perfil do consumidor:

  • Norte e Nordeste (consumidores cativos): acréscimo médio de 3,85%

  • Sul, Sudeste e Centro-Oeste (consumidores cativos): até 5,76%

Essa diferença reflete o custo com subsídios distribuídos e o perfil de geração e transmissão regional.

Contexto da CDE e seu peso na conta de luz

A CDE financia uma série de subsídios, incluindo:

  • Políticas de incentivo à irrigação;

  • Geração de energia renovável;

  • Compartilhamento de benefícios da tarifa social;

  • Apoio à universalização do serviço elétrico.

A ampliação da CDE para 2025 representa um aumento de 32% em relação a 2024, com destaque para:

  • R$ 3,8 bilhões a mais em subsídios à energia incentivada;

  • R$ 2 bilhões adicionais em descontos para consumidores com painéis solares residenciais.

A taxa de encargos já se tornou responsável por cerca de 20% da conta de luz, sendo a parcela que mais cresceu nos últimos 15 anos — com alta acumulada de 268%, o dobro da evolução dos custos de geração e distribuição.

Repercussões e alertas

Para as famílias

O aumento de tarifas elétricas impacta diretamente o custo de vida, especialmente nos domicílios com menor renda e maior consumo proporcional.

Para a política econômica

Com a inflação pressionada pelos custos de energia, o Banco Central pode considerar ajustes em sua política monetária, incluindo aumentos de juros.

Para o setor elétrico

A sobrecarga de subsídios pode reduzir a competitividade e atrasar investimentos em infraestrutura, exigindo respostas regulatórias para equilibrar o sistema.

Conclusão

A ANEEL elevou sua estimativa de aumento médio das contas de luz para 6,3% em 2025, quase o dobro da projeção inicial, em razão do reforço no orçamento da CDE e da permanência da bandeira tarifária mais cara.

O reajuste excede a inflação esperada para o ano e pode gerar efeitos amplos na economia doméstica e na política monetária.

Consumidores nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste sentirão maior pressão tarifária, enquanto aqueles do Norte e Nordeste terão impactos mais moderados.

A situação reforça a necessidade de monitoramento sobre os encargos setoriais e impactos futuros para todo o setor elétrico.

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