Governo projeta salário mínimo de R$ 1.630 em 2026; maior ganho real em 50 anos

O governo federal apresentou à Câmara dos Deputados, em abril de 2025, a proposta de reajuste do salário mínimo para R$ 1.630 em 2026, conforme consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do próximo ano.
A previsão representa um acréscimo de cerca de 7,38%, sendo aproximadamente 2,5% de ganho real acima da inflação, vinculados a regras fiscais. Confira os principais pontos dessa proposta e como ela afeta os brasileiros.
Como é calculado o reajuste do salário mínimo?
O reajuste do mínimo segue uma fórmula definida desde 2023, que combina:
Inflação medida pelo INPC dos 12 meses até novembro do ano anterior
Variação real do PIB de dois anos anteriores, também com limite de ganho real fiscal
Para 2026, a proposta considera inflação projetada até novembro de 2025 somada a 2,5% de aumento real, dentro do teto estabelecido pela lei. Segundo estudos, sem essa limitação, o ganho real poderia chegar a cerca de 3,4%, resultando em um mínimo ainda maior .
O que significa um salário mínimo real?
O valor real de R$ 1.630 representa um ganho de cerca de R$ 112 em relação a 2025, cujo mínimo está em R$ 1.518. Esse aumento real significa maior poder de compra — ainda que limitado pela regra do teto de 2,5%.
O ganho real é importante porque, além de recuperar a inflação, contribui para elevar o poder aquisitivo dos trabalhadores e segurados — porém, dentro dos limites necessários para manter o equilíbrio das contas públicas.
Impacto fiscal e social
Para cada R$ 1 de reajuste real no salário mínimo, estima-se que as despesas do governo aumentem em R$ 420 milhões, especialmente por causa dos pagamentos de aposentadorias e BPC ligados ao piso. Com um ajuste de R$ 112, o impacto anual nas contas públicas já chega a dezenas de bilhões de reais.
Por isso, a proposta inclui esse aumento, mas dentro dos limites do arcabouço fiscal, que permite ganho real de até 2,5%. A meta do governo é garantir superávit primário de 0,25% do PIB em 2026, conforme a LDO.
Cronograma do salário mínimo e próximos passos
15 de abril de 2025: LDO entregue ao Congresso, com salário mínimo previsto em R$ 1.630 para 2026.
Até 31 de agosto de 2025: previsão oficial será atualizada conforme inflação real até dezembro .
Início de 2026: se sancionado, o novo valor entra em vigor em 1º de janeiro.
Quem ganha com o reajuste do salário mínimo?
Trabalhadores formais e informais que recebem o mínimo ou piso próximo dele ganham mais poder financeiro.
Aposentados e pensionistas do INSS, cujo benefício é indexado ao salário mínimo, terão aumento proporcional.
Beneficiários do BPC — idosos ou pessoas com deficiência — terão o mesmo bônus, pois o valor do benefício também segue o piso nacional.
Programas sociais atrelados ao mínimo (como seguro desemprego) e pisos regionais em alguns estados também sofrem impacto.

Riscos e restrições do salário mínimo
Apesar dos ganhos, há limites:
O aumento real é restrito a 2,5% por determinação legal para conter gastos públicos.
Se a inflação subir acima do esperado ou o PIB desacelerar, o valor final poderá recuar.
O reajuste gera impacto direto no orçamento e limita recursos para investimentos e despesas não obrigatórias.
Visão de especialistas sobre a nova correção do salário mínimo
A economista Felipe Salto, do Warren Investimentos, estimou que, sem restrições, o mínimo poderia chegar a R$ 1.636,40, considerando IPCA de 5,3% + crescimento real do PIB. No entanto, o governo optou por manter o teto de 2,5%, alinhando-se à política fiscal.
Segundo Agência Brasil, a proposta de R$ 1.630 acompanha projeção de superávit de R$ 34 bilhões (0,25% do PIB) para 2026.
Contexto histórico do salário mínimo
O salário mínimo no Brasil passou de apenas R$ 1.039 em 2020 para R$ 1.518 em 2025, estabilizando seu poder de compra com reajustes superiores à inflação e levando em consideração o crescimento econômico . A proposta de 2026 busca manter esse ritmo, porém com moderação.
O reajuste é importante porque:
Garante mais renda para famílias de baixa renda, aposentados e beneficiários do BPC.
Aumenta o poder aquisitivo de milhões, reduzindo vulnerabilidade social.
Impacta diretamente o orçamento público, exigindo equilíbrio entre apoio social e sustentabilidade fiscal.