Salário mínimo de 2026 deve ser R$ 1.630 com reajuste menor que o de 2025

O governo federal, ao elaborar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026, estima que o salário mínimo no país deve alcançar R$ 1.630, elevando o atual piso de R$ 1.518, vigente em 2025.
Esse reajuste projeta um aumento nominal de R$ 112, equivalente a aproximadamente 7,4%, valor inferior ao percentual observado no ano anterior.
Por que o reajuste do salário mínimo será menor?
A metodologia de cálculo obedece às regras estabelecidas na Emenda Constitucional nº 113/2021, que determinou o retorno dos reajustes com base na inflação do ano anterior (IPCA) somada à variação do PIB de dois anos antes.
Contudo, a legislação vigente estabelece um teto de 2,5% para o aumento real, ou seja, acima da inflação.
Inflação de 2025: considerado no cálculo, mas ainda sujeito a consenso e revisões;
PIB de 2024: positivo, porém não suficiente para elevar muito o valor;
Limite real: o governo decidiu manter o incremento acima da inflação restrito a 2,5%, fixando o valor final de R$ 1.630, embora ele possa ser ajustado dependendo da inflação acumulada até o final do ano.
Contexto fiscal: equilíbrio entre gastos e metas
A estimativa do salário mínimo está inserida no projeto orçamentário para 2026, que inclui:
Meta de superávit primário de 0,25% do PIB em 2026 (cerca de R$ 34,3 bilhões), com aumento para 0,5% em 2027;
Despesa total primária projetada em R$ 2,594 trilhões, com arrecadação líquida prevista de R$ 2,577 trilhões, gerando um déficit nominal de R$ 16,9 bilhões;
Margem de tolerância de 0,25% do PIB para oscilações fiscais, podendo o superávit variar entre zero e R$ 68,5 bilhões.
Em paralelo, o governo projeta economias de R$ 8,9 bilhões no próximo exercício via revisões em benefícios previdenciários, Proagro e BPC (Benefício de Prestação Continuada) — valor similar ao de 2025.

Repercussão social da nova proposta do salário mínimo
Poder de compra da população
A elevação do salário mínimo para R$ 1.630 significa, na prática, uma gordura real para o trabalhador — ou seja, aumento acima da inflação.
Isso contribui para elevar o consumo das famílias de menor renda, com impacto direto em setores como varejo, alimentação, construção civil e serviços.
… E custos para o setor formal
Por outro lado, um piso mais alto encarece a folha de pagamento para empresas nos segmentos intensivos em trabalho, como comércio e pequenas indústrias. Isso pode pressionar preços, margens e competitividade.
Pressão sobre despesas públicas
Como o salário mínimo serve de base para benefícios ligados ao INSS, BPC e seguro-desemprego, um reajuste maior eleva automaticamente o gasto público.
O governo, portanto, busca equilíbrio entre dar suporte ao consumo e manter a saúde das contas públicas.
Comparativo com reajuste do salário mínimo de 2025
Em 2025, o salário havia sido fixado em R$ 1.518, com um reajuste real que superou o teto de 2,5% graças a uma inflação baixa e ao crescimento do PIB superior ao esperado. Para 2026, por outro lado:
A inflação tende a ser mais elevada, limitando o espaço de ganho real;
O próprio governo impõe o teto de 2,5%, estabelecendo um limite firme ao acréscimo acima do índice de preços .
Resultado: o aumento de cerca de 7,4% projetado é modesto e menos expressivo que a correção anterior.
Implicações políticas e fiscais
No plano político, o governo busca manter um reajuste que garanta ganhos reais para a população sem comprometer as metas fiscais.
Na LDO, ao mesmo tempo que propõe o novo salário, define parâmetros para o Orçamento, controlando despesas discricionárias e revisando gastos obrigatórios.
A meta de superávit primário progressivo (0,25% em 2026, escalando até 1,25% em 2029) demonstra o compromisso com a sustentabilidade da dívida pública, que tende a crescer até 2028 para depois recuar Terra.
Pontos de atenção até dezembro de 2025
Três aspectos podem alterar a projeção:
Inflação acumulada entre janeiro e dezembro de 2025 — principalmente IPCA e eventuais surpresas em preços de alimentos e serviços;
Desempenho do PIB de 2024, cuja variação só será consolidada nos próximos meses;
Revisões na Política Econômica, caso a LDO sofra ajustes antes de ir ao Congresso, ou se o governo tomar decisões adicionais após decisões do STF sobre orçamentos e precatórios .
Até a sanção final da LDO (esperada entre julho e agosto), esse valor permanece uma estimativa sujeita a validações.