6G já tem data para estrear: veja quando chegam os primeiros celulares

A expectativa pelo 6G se aproxima de virar realidade: segundo anúncio da Qualcomm, os primeiros celulares com suporte à nova geração de redes já têm data prevista para entrar em cena — e o Brasil, como mercado global de tecnologia, deverá observar de perto esse movimento.
Qualcomm anuncia: celulares com 6G chegam já em 2028
Durante o Snapdragon Summit 2025, a Qualcomm divulgou que pretende lançar dispositivos pré-comerciais com tecnologia 6G “as early as 2028” — ou seja, já em 2028 — ainda que em versão experimental ou de demonstração.
A meta é dar os primeiros passos práticos para além do 5G, levando ao mercado aparelhos capazes de explorar os novos patamares de desempenho e latência almejados para a próxima geração de redes. Essa previsão reforça estimativas recentes de que o 6G começará a se desenhar até o final desta década.
A Qualcomm, tradicionalmente importante em chips e tecnologias de conectividade móvel, já atua em pesquisas pioneiras para viabilizar recursos como transmissão em bandas milimétricas mais altas, comunicação “inteligente” e orquestração entre redes, nuvem e dispositivos.
Ainda que “pré-comercial” signifique que os modelos iniciais não estarão prontos para vendas em massa nem para uso diário do consumidor comum, eles serão fundamentais para validar tecnologias, ajustar padronizações e preparar o terreno para adoção comercial plena.
O que é 6G e por que ele importa
Para entender a importância dessa transição, é necessário entender o que o 6G propõe em relação ao 5G.
Inovação técnica esperada
Velocidades de dados superiores: espera-se que o 6G ultrapasse o gigabit por segundo de forma mais consistente, chegando a vários gigabits ou até mesmo terabit por segundo em cenários extremos.
Latência ultra-baixa: vislumbra-se latência de ordem submilissegundos, viabilizando aplicações sensíveis como realidade estendida (XR), telepresença e controle remoto em tempo real.
Inteligência embutida: o conceito de redes “inteligentes”, com AI distribuída e “perceptiva”, onde a rede ajusta-se em tempo real conforme o uso, localização e demanda dos dispositivos.
Integração massiva de sensores e IoT: espera-se que o 6G suporte redes densas de dispositivos conectados com altíssima confiabilidade.
Comunicação em bandas mais altas: utilização de frequências terahertz e outras novas faixas do espectro para ampliar capacidade e largura de banda.
Esses pontos estão bem documentados em estudos acadêmicos que apontam requisitos (“key performance indicators”) para 6G e desafios tecnológicos, como consumo de energia, projeto de antenas, interoperabilidade com redes anteriores e padronização global.
Panorama atual: 5G ainda em expansão
Embora o 5G esteja em processo de ampliação global — e ainda em consolidação em muitos países — o mercado já mira no próximo passo.
O 6G surge não apenas como evolução incremental, mas como plataforma para novas classes de serviços e modelos de uso, em que o smartphone pode se tornar ainda mais central como interface inteligente e conectada.
Desafios e barreiras para a chegada do 6G
Apesar da ambição, há obstáculos significativos no caminho do 6G.
Regulamentação e espectro
A disponibilização de novas faixas de frequência, em especial nas regiões milimétricas e no espectro terahertz, requer regulamentação nacional e internacional, coordenação entre agências reguladoras e definição de padrões globais. Países precisarão licenciar e organizar leilões de espectro adequados.
Infraestrutura e investimento
Para sustentar redes de ultra alta capacidade, será necessário densificar a infraestrutura — mais antenas, estações-base e backhaul robusto (conexões de rede que ligam torres à espinha dorsal da internet). O custo estimado para essa atualização será elevado, exigindo participação de operadores, governos e investidores.
Eficiência energética e dissipação
Transmissões de alta frequência implicam desafios de consumo de energia e aquecimento nos dispositivos. Projetar chips, antenas e materiais que dissipem calor eficientemente será decisivo para viabilizar aparelhos portáteis práticos.
Compatibilidade e transição
As redes 6G precisarão conviver com 4G e 5G por muito tempo, exigindo protocolos de transição e compatibilidade rígida. Isso requer um plano de implementação escalonado e cuidadoso para minimizar rupturas no serviço.
Tempo de padronização
Mesmo que a Qualcomm já anuncie dispositivos pré-comerciais em 2028, a padronização global (via organizações como 3GPP e ITU) pode levar anos até que um padrão estável para 6G seja aprovado. Somente depois disso haverá confiança para investimentos em escala comercial.
O papel da Qualcomm no 6G e a liderança brasileira
A Qualcomm se posiciona como protagonista na transição: ao anunciar dispositivos pré-comerciais já em 2028, a empresa evidencia que busca antecipar o mercado para liderar padrões e tecnologias de base. Ela também é parte ativa nos ecossistemas de pesquisa, colaboração com universidades e parceiros de rede.
Curiosamente, sob sua liderança está o brasileiro Cristiano Amon, CEO da Qualcomm. A trajetória dele – da Unicamp ao comando de uma das gigantes globais de semicondutores – reforça a ponte entre a atuação brasileira e os centros mundiais de inovação tecnológica.
Sua visão de IA embutida nos dispositivos e conectividade como base essencial para o futuro digital permeia as estratégias da Qualcomm.