Veja se você será cortado do Bolsa Família em julho

O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) anunciou que cerca de 240 mil beneficiários do Bolsa Família terão seus pagamentos suspensos a partir de julho de 2025.

A medida faz parte do processo contínuo de pente-fino promovido pelo governo federal para identificar irregularidades, evitar fraudes e garantir que o benefício chegue a quem realmente precisa.

O corte gerou grande repercussão nas redes sociais e preocupa famílias que dependem do auxílio mensal para suprir necessidades básicas. Saiba o que motivou os bloqueios, quem pode ser afetado e o que fazer caso tenha o benefício suspenso.

Pente-fino no Cadastro Único

Desde que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva relançou o Bolsa Família em março de 2023, o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) passou por um processo de requalificação.

O objetivo é verificar se as informações fornecidas pelas famílias continuam atualizadas e compatíveis com as regras do programa.

Segundo o MDS, milhares de cadastros apresentaram inconsistências, como renda acima do limite permitido, endereços desatualizados, famílias unipessoais irregulares, entre outros problemas.

O cruzamento de dados com bases como o Caged (emprego formal), INSS e Receita Federal tem permitido a detecção de perfis que não se enquadram nos critérios do Bolsa Família.

Em julho de 2025, o governo vai intensificar essas ações e promover um corte significativo: 240 mil famílias terão o benefício suspenso ou cancelado.

Principais motivos para o corte

De acordo com o governo, os principais fatores que levaram à exclusão dos beneficiários são:

• Renda per capita acima de R$ 218 mensais (limite exigido pelo programa);

• Cadastro desatualizado há mais de 24 meses;

• Famílias unipessoais que não conseguiram comprovar a veracidade da situação;

• Informações falsas ou omissas no CadÚnico;

• Incompatibilidade de dados com registros oficiais, como CPF duplicado, mais de uma família no mesmo endereço, entre outros;

• Beneficiários com registro de vínculo empregatício formal não informado.

O Ministério reforça que o foco é garantir justiça social, evitando que pessoas que não se enquadram nos critérios do programa recebam indevidamente os recursos, que devem ser destinados às famílias mais vulneráveis.

Quem corre risco de ter o Bolsa Família suspenso?

As famílias que mais estão sob risco são aquelas com cadastro desatualizado, ou com declarações que não condizem com a realidade, principalmente:

• Pessoas que vivem sozinhas e se cadastraram como unipessoais em massa nos últimos anos;

• Famílias que não atualizam seus dados desde 2022 ou antes;

• Beneficiários que omitiram fonte de renda, como trabalho informal, pensões ou aposentadorias;

• Pessoas com mais de um CPF cadastrado no mesmo domicílio, sem comprovação.

Esses casos estão sendo analisados de forma criteriosa pelas equipes do MDS e pelas prefeituras responsáveis pela gestão local do CadÚnico.

Como saber se meu Bolsa Família será cortado?

Para verificar a situação do seu benefício, o cidadão pode usar os seguintes canais:

• Aplicativo Bolsa Família (disponível para Android e iOS);

• Aplicativo Caixa Tem;

• Portal Cidadão Caixa (https://cidadao.caixa.gov.br);

• Telefone 121 (Central MDS) ou 111 (Caixa Econômica Federal);

• CRAS mais próximo de sua residência.

Caso haja bloqueio ou suspensão, o sistema informará o motivo e orientará sobre os próximos passos para recuperação do benefício, caso a família ainda se enquadre nas regras.

O que fazer se o benefício for suspenso?

Se a família tiver o Bolsa Família suspenso, é possível recorrer da decisão e atualizar o Cadastro Único para reverter a situação. Veja o passo a passo:

1. Procure o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) da sua cidade;

2. Leve documentos pessoais (CPF, RG, comprovante de residência, comprovantes de renda de todos os membros da família);

3. Solicite a atualização cadastral e informe qualquer mudança ocorrida;

4. Aguarde a análise do MDS — se a família ainda tiver direito, o pagamento será restituído retroativamente.

É importante destacar que, mesmo após o corte, o benefício pode ser reintegrado, desde que comprovadas as condições exigidas.

Impacto social e econômico

O corte de 240 mil famílias representa uma economia para os cofres públicos, mas também pode gerar impactos sociais significativos, especialmente em municípios mais pobres e com alta dependência do programa.

Segundo dados do próprio governo, mais de 21 milhões de famílias recebem o Bolsa Família mensalmente. A exclusão de uma parcela, mesmo que proporcionalmente pequena, pode afetar a demanda por serviços sociais, aumento da vulnerabilidade e insegurança alimentar.

Em nota, o Ministério da Cidadania afirmou que está comprometido com uma gestão eficiente e justa dos recursos, reforçando que a medida visa qualificar o programa e proteger os mais necessitados.

Reações e críticas

A medida provocou reações de diversos setores. Entidades sociais alertam que, embora o pente-fino seja importante para evitar fraudes, muitas famílias podem ser penalizadas injustamente, por falta de orientação ou problemas burocráticos.

Especialistas em políticas públicas afirmam que o processo precisa ser transparente e com ampla comunicação, evitando cortes automáticos sem direito de defesa. “É fundamental que haja tempo suficiente para as famílias atualizarem seus dados e regularizarem pendências”, afirmou a assistente social Marília Gomes, da Rede Brasileira de Assistência Social.

Nas redes sociais, usuários relataram casos de cortes indevidos e dificuldade para acessar os canais de atendimento.

Muitos também criticaram o baixo investimento em capacitação dos CRAS e a falta de campanhas de informação nas comunidades.

Resumo dos cortes do Bolsa Família em Julho

O beneficiário pode consultar seu benefício por meio de diversos canais.