CESTA BÁSICA sobe e consome mais da metade do salário mínimo de brasileiros hoje (11)

Em junho de 2025, o custo da cesta básica em Campo Grande registrou um aumento de 0,46%, alcançando uma média de R$ 793,02, segundo dados divulgados pelo Dieese.
Esse valor representa 56,48% do salário mínimo líquido, ou seja, o que resta após a contribuição de 7,5% para a Previdência Social, evidenciando o peso significativo dos alimentos no bolso dos trabalhadores que recebem um salário mínimo (R$ 1.518).
Alta discreta na cesta básica
Embora a alta tenha sido modesta, a oscilação já reflete no tempo de trabalho necessário para adquirir o básico: agora são necessárias 114 horas e 56 minutos mensais, um acréscimo de 31 minutos em relação a maio de 2025.
Persiste ainda um aumento de 5,89% em relação ao mesmo mês do ano passado, com o acumulado do ano em 2,94%, segundo o levantamento.
Esse cenário evidencia desafios de acesso à segurança alimentar nesta região e destaca as limitações do salário mínimo atual para cobrir necessidades essenciais.
Os vilões do carrinho
Entre os principais responsáveis pela subida estão produtos com grande variação mensal: tomate (+6,54%), café em pó (+3,32%) e pão francês (+0,80%).
Especial atenção deve ser dada ao café, que acumula extraordinários 113,14% de alta em 12 meses — um valor alarmante para seringueiros do bolso doméstico.
Maio apresentou os maiores impactos negativos, mas houve também produtos com queda: arroz agulhinha (-4,68%), óleo de soja (-1,17%), batata (-0,88%) e carne bovina de primeira (-0,34%), prejudicadas por fatores sazonais, como oferta e safra.
Outras oscilações relevantes incluem:
Leite integral: alta leve de 0,34%;
Manteiga: queda de 3,01%, produto vendido a R$ 13,42/200 g em junho;
Farinha de trigo e banana: estabilidade no mês, mas com aumento anual de 12,96% e 7,39%, respectivamente .

Comparação temporal da cesta básica: 2024 vs 2025
Em junho de 2024, a cesta básica consumia 57,34% do salário líquido. Este ano, o percentual diminuiu para 56,48%, uma leve redução de 0,86 ponto, mesmo com a cesta mais cara. No entanto, esse alívio é mínimo e reforça a fragilidade da renda frente à inflação de itens básicos.
Jornada alimentar: quantas horas trabalhar?
Hoje, o trabalhador precisa dedicar quase 115 horas por mês só para a alimentação básica. Isso agravado pelo fato de que em 2024 eram necessárias 116h27m — queda pequena, mas insuficiente para enfrentar o custo de vida.
Este indicador expressa em tempo o peso real da cesta básica no orçamento: mais de metade da jornada mensal é comprometida apenas para manter a mesa.
Perspectiva nacional: tendência divergente
Enquanto a cesta básica de Campo Grande apresentou pequena elevação, o Dieese aponta que em 11 das 17 capitais analisadas houve queda no custo em junho.
Exemplos: São Paulo registrou redução de 1,49%, com cesta a R$ 882,76; Rio de Janeiro, queda de 0,56%, cesta a R$ 843,27; já cidades como Florianópolis e Porto Alegre tiveram elevação .
A média nacional aponta que a cesta básica representa agora 52,66% do salário mínimo líquido, abaixo dos 52,92% de maio e dos 54% de junho de 2024.
Ideia de salário e cesta ideal
Segundo o Dieese, a cesta básica mais cara, da capital paulista, indicaria que o salário mínimo adequado seria R$ 7.416,07 — quase 5 vezes o piso atual — para garantir alimentação e outras necessidades básicas para uma família de quatro pessoas .
O número escancara o abismo entre o valor legal do salário mínimo e o necessário para uma vida digna.
O que esperar a seguir?
Monitoramento mensal: acompanhar os dados do Dieese nas capitais é essencial para traçar cenários regionais;
Pressão nos preços sazonais: alimentos como tomate e café devem continuar instáveis, com impacto direto no orçamento;
Poder de compra do salário: mesmo pequeno alivio em algumas regiões não elimina a necessidade de reajustes reais no mínimo;
Impacto social: alto custo da alimentação pode antecipar insegurança alimentar, especialmente em famílias de baixa renda.