Novo salário mínimo de R$ 1.804 reforça valorização do trabalho formal

No dia 1º de julho de 2025 entrou em vigor o novo piso estadual para trabalhadores com carteira assinada no estado de São Paulo, fixado em R$ 1.804,00.

A medida, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) e sancionada pelo governo estadual, representa um reajuste de cerca de 10% em relação ao piso anterior de R$ 1.640,00.

Com esse valor, o piso estadual ultrapassa o valor do salário mínimo nacional, que foi fixado em R$ 1.518,00 para 2025.

O novo piso abrange trabalhadores que não contam com piso definido por convenção coletiva ou legislação federal, em diversas categorias de baixa renda.

Quem pode receber o novo salário mínimo

A nova norma estadual contempla aproximadamente 70 categorias profissionais que até então recebiam o piso anterior ou outro valor inferior, mas não tinham convenção coletiva que definisse condição superior.

Entre os beneficiados estão empregados domésticos, auxiliares de limpeza, motoboys, balconistas, garçons, operários da construção civil e auxiliares administrativos.

Além disso, uma emenda incluída durante a tramitação ampliou o alcance da medida para que cuidadores de pessoas com deficiência também sejam contemplados — uma reivindicação antiga das entidades da área social.

O impacto médio estimado para o trabalhador que recebia o piso antigo é de acréscimo de aproximadamente R$ 164,00 por mês — um ganho real acima de correção apenas pela inflação, num momento em que os custos de vida pressionam os orçamentos familiares.

Para o setor público estadual, servidores que recebiam salários inferiores ao novo valor passam a receber complementação ou abonos proporcionais para adequar-se ao piso mínimo estabelecido.

Motivações políticas e econômicas por trás da medida

A lei que fixou o novo salário mínimo foi proposta pelo governo estadual, com o objetivo declarado de corrigir distorções salariais e garantir ganhos reais acima da inflação para trabalhadores formais em categorias vulneráveis.

Esse tipo de piso estadual assume papel relevante em um contexto de desaceleração econômica, inflação elevada e pressão sobre os custos domésticos — alimentação, transporte e moradia — impactando diretamente as famílias de menor renda.

Além disso, ao fixar um piso maior do que o mínimo nacional, o estado de São Paulo sinaliza uma política de valorização do trabalho formal e de estímulo ao consumo interno, ao mesmo tempo em que busca reduzir desigualdades salariais regionais.

Para o governo, a iniciativa também representa um instrumento de política pública: ao garantir uma remuneração mínima mais elevada, contribui para maior dignidade no emprego, diminuição de informalidade e fortalecimento da economia local.

Comparativo com o salário mínimo nacional e implicações

Para o ano de 2025, o salário mínimo nacional foi fixado em R$ 1.518,00, conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA) sancionada pelo governo federal.

Nesse cenário, o piso paulista de R$ 1.804,00 ultrapassa o mínimo nacional em cerca de R$ 286,00 — ou seja, um diferencial relevante para trabalhadores no estado.

Essa divergência entre piso estadual e mínimo nacional ilustra a possibilidade de estados estabelecerem valores regionais superiores — desde que para categorias sem piso definido por convenção coletiva ou norma federal — conforme prevê a legislação trabalhista.

A adoção de um piso mais elevado implica também em desafios: custos maiores para empregadores, necessidade de adequação nas folhas de pagamento, possíveis reflexos sobre os preços dos serviços ou sobre a geração de empregos.

Por outro lado, amplia o poder de compra de uma parcela da população, o que pode repercutir no consumo e em indicadores locais de atividade econômica.

Impactos esperados para trabalhadores e empregadores

Trabalhadores

Para os trabalhadores contemplados, o novo piso representa um ganho imediato de renda. Em um momento de inflação persistente, ter um piso maior oferece melhor poder de compra e traz alívio frente aos gastos com itens essenciais.

Além disso, a adequação salarial ajuda a valorizar profissões historicamente menos remuneradas — como empregados domésticos, motoboys e auxiliares de limpeza — contribuindo para maior reconhecimento e estabilidade do vínculo formal.

Por outro lado, mesmo para quem já recebia acima do piso, pode haver efeito indireto de valorização ou negociação de salários superiores, especialmente em categorias que disputam mão-de-obra.

Empregadores

Para empresas e empregadores, o novo piso exige revisão de custos de pessoal, reajustes em salários e eventuais impactos nos encargos trabalhistas. Em setores com margem reduzida, pode haver pressão em contratação ou necessidade de eficiência adicional.

Empresas que atuam em segmentos intensivos em mão-de-obra de baixa qualificação podem precisar revisar seus modelos de negócios, repassar parte dos custos aos preços ou investir em produtividade.

Além disso, o governo estadual e sindicatos esperam que a elevação do piso contribua para formalização, redução de fraudes trabalhistas e melhor registro do emprego — o que, no longo prazo, pode beneficiar o ambiente de negócios.

Pontos de atenção e desafios futuros

A adoção de um piso estadual mais elevado, contudo, traz alguns desafios que merecem atenção:

  • Cobertura e fiscalização: garantir que empregadores cumpram o piso em categorias elegíveis e que trabalhadores de fato recebam o valor correto exige atuação de fiscalização e transparência.

  • Risco de informalidade: em setores vulneráveis, há risco de que empregadores evitem contratar formalmente ou recorram a informalidade para escapar de custos adicionais — o que tornaria a política contraproducente.

  • Pressão inflacionária: o aumento de custos salariais pode, se generalizado, refletir em preços de bens e serviços — embora o impacto direto dependa do setor.

  • Equilíbrio econômico: estados precisam garantir que a elevação de pisos não comprometa a competitividade ou a sustentabilidade de negócios — especialmente micro e pequenas empresas.

  • Efeito distributivo: o piso favorece somente aqueles que recebem valores muito próximos ao mínimo anterior; trabalhadores com salários mais altos ou fora das categorias não se beneficiam diretamente, o que pode gerar distorções internas na força de trabalho.

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