Seus aplicativos podem estar te vigiando: veja 4 sinais de espionagem no celular

Nos últimos anos, a preocupação com a privacidade digital cresceu de forma acelerada. A cada dia, milhões de brasileiros instalam aplicativos em seus smartphones para facilitar a vida: seja para conversar, pagar contas, pedir comida, organizar a rotina ou até mesmo monitorar a saúde. Mas, junto com essa praticidade, surge um risco silencioso: aplicativos que podem estar espionando usuários sem que eles percebam.
Especialistas em segurança cibernética alertam que muitos apps, especialmente os gratuitos e pouco conhecidos, coletam informações pessoais que vão muito além do necessário para o funcionamento básico. Em alguns casos, esses dados são vendidos para empresas de marketing, usados em golpes ou até mesmo acessados por criminosos.
Segundo a empresa de cibersegurança Kaspersky, mais de 30% dos aplicativos disponíveis em lojas oficiais já pediram permissões consideradas invasivas, como acesso à câmera, microfone ou lista completa de contatos. O problema se agrava quando o usuário baixa apps de lojas paralelas, sem nenhum tipo de fiscalização.
Diante desse cenário, identificar sinais de que um aplicativo pode estar espionando você é fundamental para proteger sua privacidade. A seguir, veja os quatro principais indícios de que algo está errado e descubra como agir.
1. Consumo excessivo de bateria e dados móveis
Um dos primeiros sinais de que um aplicativo pode estar agindo de forma suspeita é o gasto anormal de bateria e internet. Se o celular passa a descarregar muito rápido, mesmo sem uso intenso, ou se o consumo de dados móveis dispara sem explicação, pode ser um alerta vermelho.
Isso acontece porque aplicativos maliciosos muitas vezes permanecem ativos em segundo plano, enviando informações para servidores externos. Esses envios constantes consomem energia e dados de forma acelerada.
Um exemplo ocorreu em 2024, quando usuários relataram que um aplicativo de edição de fotos popular estava drenando a bateria de forma incomum. Investigações posteriores mostraram que o app coletava imagens e as enviava automaticamente para um banco de dados sem o consentimento claro do usuário.
O que fazer:
Acesse as configurações de bateria do celular e verifique quais aplicativos consomem mais energia.
Nas configurações de dados móveis, cheque quais apps estão gastando internet sem necessidade.
Caso encontre algo fora do normal, considere desinstalar o aplicativo imediatamente.
2. Solicitação de permissões desnecessárias
Outro indício clássico de espionagem é quando um aplicativo pede acesso a funções do celular que não têm relação com seu objetivo principal.
Um app de lanterna, por exemplo, não deveria precisar da sua lista de contatos, da câmera ou do microfone. No entanto, criminosos se aproveitam da falta de atenção dos usuários e pedem essas permissões para coletar informações sigilosas.
Especialistas afirmam que esse é um dos métodos mais comuns de espionagem digital, já que muitos usuários clicam em “aceitar” sem ler os detalhes. Isso abre brechas para que o aplicativo ou até terceiros monitorem conversas, gravem áudios ou rastreiem a localização em tempo real.
Em 2023, um relatório da McAfee revelou que mais de 40 aplicativos falsos de previsão do tempo estavam, na verdade, coletando dados de GPS para vender a empresas de publicidade sem transparência.
O que fazer:
Sempre leia com atenção as permissões antes de instalar um aplicativo.
Revise, nas configurações do celular, quais apps têm acesso à câmera, microfone, contatos e localização.
Bloqueie as permissões desnecessárias e, se o app não funcionar sem elas, repense seu uso.
3. Propagandas invasivas e notificações estranhas
Se o celular começa a exibir anúncios em excesso, especialmente fora dos aplicativos que você está usando, é sinal de alerta. Muitos apps maliciosos instalam softwares de adware, que exibem propagandas em qualquer tela do smartphone, dificultando até mesmo a navegação.
Além dos anúncios, notificações incomuns também podem indicar espionagem. Mensagens que incentivam a clicar em links suspeitos, instalar outros aplicativos ou fornecer dados pessoais são um forte indício de que há algo errado.
Em alguns casos, esses apps simulam notificações de bancos ou redes sociais para enganar o usuário. É a chamada prática de “phishing”, que visa roubar senhas e informações financeiras.
Um estudo conduzido pela empresa Avast mostrou que mais de 130 aplicativos de jogos casuais para Android exibiam anúncios em excesso e enviavam notificações suspeitas aos usuários, mesmo quando o celular estava em repouso.
O que fazer:
Nunca clique em links enviados por notificações estranhas.
Use um antivírus confiável para escanear o dispositivo.
Desinstale imediatamente aplicativos que apresentem esse tipo de comportamento.
4. Alterações no funcionamento do aparelho
O último sinal, mas não menos importante, envolve mudanças repentinas no funcionamento do celular. Entre os sintomas mais comuns estão travamentos frequentes, aquecimento sem motivo, aplicativos fechando sozinhos e até barulhos estranhos durante ligações.
Esses problemas podem indicar que um software malicioso está atuando em segundo plano. Em alguns casos, o aplicativo pode estar gravando conversas, capturando senhas ou acessando arquivos pessoais sem permissão.
Casos relatados em fóruns de tecnologia mostram que alguns usuários perceberam estalos durante ligações telefônicas, um indício clássico de que o microfone estava sendo acessado por terceiros.
O que fazer:
Reinicie o celular no “modo de segurança” para verificar se os problemas persistem.
Confira se há aplicativos instalados que você não reconhece.
Se as falhas continuarem, considere restaurar o aparelho para as configurações de fábrica.
Como se proteger contra aplicativos espiões
Além de identificar os sinais, é essencial adotar medidas preventivas. Entre as principais recomendações de especialistas em cibersegurança, destacam-se:
Baixe aplicativos apenas em lojas oficiais como Google Play Store e App Store. Mesmo que não seja garantia absoluta, esses ambientes possuem filtros de segurança mais rigorosos.
Pesquise antes de instalar: leia comentários de outros usuários, verifique a reputação do desenvolvedor e analise a quantidade de downloads.
Mantenha o celular atualizado: fabricantes de smartphones e sistemas operacionais frequentemente lançam correções de segurança que bloqueiam vulnerabilidades exploradas por criminosos.
Use autenticação em dois fatores em contas importantes, como e-mails, redes sociais e bancos digitais.
Instale aplicativos de segurança que monitoram o uso de permissões e alertam sobre atividades suspeitas.