Salário mínimo de 2025 é reajustado, mas ainda está aquém do ideal, aponta estudo

O novo salário mínimo nacional foi fixado em R$ 1.518,00 a partir de janeiro de 2025 — um aumento de R$ 106,00 (7,5%) em relação aos R$ 1.412,00 vigentes em 2024.

Ainda assim, um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) revela que esse montante está muito abaixo do mínimo considerado necessário para garantir merecidas condições de vida para uma família brasileira.

O reajuste do salário mínimo e a regra aplicada

Segundo o relatório técnico do DIEESE, o reajuste do salário mínimo para 2025 segue a regra vigente, que considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais um percentual adicional.

Para 2025, o aumento real foi de aproximadamente 2,61% sobre 2024. O valor de R$ 1.518,00 está em linha com o cálculo oficial, mas o instituto de estudos chama atenção para a discrepância entre esse montante e o valor necessário para uma vida digna.

O valor “ideal” segundo o DIEESE

De acordo com o DIEESE, para suprir as necessidades básicas de uma família composta por dois adultos e duas crianças, considerando alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, transporte, higiene, lazer e previdência, o salário mínimo “adequado” em setembro de 2025 deveria girar em torno de R$ 7.075,83.

Em janeiro do mesmo ano, esse valor estimado alcançava R$ 7.156,15 — o que aponta uma diferença de aproximadamente quatro vezes o piso atual.

Essa grande disparidade evidencia que, apesar de o reajuste oficial trazer algum ganho real, o piso nacional ainda fica muito distante de garantir padrões de consumo e condições de vida considerados básicos.

O poder de compra e o custo da cesta básica

O DIEESE também acompanha a relação entre o salário mínimo e o custo da cesta básica de alimentos, mensurada em capitais como São Paulo, que frequentemente apresenta os maiores valores.

Em janeiro de 2025, estimou-se que o conjunto de alimentos básicos em São Paulo custaria cerca de R$ 850,00, o que significa que o piso de R$ 1.518,00 permitiria adquirir cerca de 1,79 cestas básicas naquele mês.

Ou seja: o salário mínimo ainda cobre pouco além do básico alimentar para uma pessoa — sem considerar os demais custos de vida citados anteriormente.

Os desafios persistentes

Alguns dos principais desafios que emergem desta situação são:

  • Descompasso entre piso legal e custo de vida real: O fato de que o salário mínimo necessário calculado seja mais de quatro vezes o valor oficial revela que há uma lacuna estrutural a ser enfrentada.

  • Inflação, variação de preços e regionais: Os custos de vida variam amplamente entre regiões do país, e em capitais o valor da cesta básica é mais alto — exigindo ainda mais da renda dos trabalhadores.

  • Desigualdades regionais e setoriais: Trabalhadores com piso mínimo estão em geral inseridos em empregos com menor qualificação ou menor poder de barganha salarial, o que reforça a vulnerabilidade econômica.

  • Sustentabilidade da política de valorização: A própria política de valorização do salário mínimo depende de fatores macroeconômicos (inflação, crescimento do PIB, arrecadação), podendo ter seus limites se não for acompanhada por emprego de qualidade e produtividade.

O que a Constituição prevê

A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que o salário mínimo deve atender “às necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família, relativas à alimentação, à moradia, à saúde, à educação, ao lazer, à vestuário, à higiene, ao transporte e à previdência social” (art. 7º, inciso IV).

Entretanto, na prática, a diferença entre o piso legal e o valor estimado pelo DIEESE destaca uma lacuna entre o normativo e a execução dessa garantia.

Caminho para 2026 e perspectivas futuras

Para o ano de 2026, o governo federal submeteu ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) propondo o mínimo de R$ 1.631,00, um aumento de cerca de 7,44% sobre o piso de 2025.

Ainda assim, a trajetória de valorização terá de enfrentar inflação persistente, aumento de custos básicos e a necessidade de manter mecanismos de correção real para reduzir o abismo entre o piso legal e o mínimo “ideal”.

Especialistas apontam que, para se aproximar de níveis mais compatíveis com as necessidades das famílias, seria necessária não apenas correção inflacionária, mas ganhos reais — via produtividade, emprego formal, maior proteção social e políticas públicas integradas.

Por que isso importa para você?

  • Para milhões de trabalhadores que recebem o piso ou valores próximos, a realidade mostra que o aumento anual ajuda, mas não resolve plenamente as dificuldades de arcar com moradia, transporte, alimentação e outras despesas.

  • Para empregadores e setores públicos, o aumento impacta custos de folha, encargos e também influencias de consumo interno.

  • Para a economia e o poder público, o equilíbrio entre elevar o piso mínimo e garantir sustentabilidade fiscal e de emprego é um desafio permanente.

  • Para a sociedade como um todo, a questão do salário mínimo é uma dimensão fundamental de justiça social, de combate à pobreza e de promoção da dignidade do trabalho.

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