Recebimento automático de R$ 1.518: quem tem direito?

Em redes sociais e grupos de mensagem viraliza a promessa de que “você pode receber R$ 1.518 na conta sem precisar fazer nada”. A frase tem verdade e exagero ao mesmo tempo — existe, sim, um conjunto de benefícios públicos cujo valor equivale a um salário-mínimo (R$ 1.518 em 2025) e que pode cair na conta do beneficiário sem um novo cadastro mágico.

Mas cada caso tem regras, critérios e passos administrativos. Este texto explica, com fontes oficiais, quando a afirmação procede, quem tem direito e como conferir se você vai receber — ou se está diante de boato e golpe.

Dois caminhos legítimos para ver R$ 1.518 “pingando” todo mês

Existem ao menos dois benefícios governamentais que frequentemente são citados quando alguém fala em “receber R$ 1.518 sem fazer nada”:

  1. Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) — pago mensalmente no valor de um salário-mínimo para idosos (a partir de 65 anos) e pessoas com deficiência que comprovem baixa renda familiar. O BPC é um benefício assistencial: não exige contribuição prévia ao INSS e, se o beneficiário preencher os requisitos, o pagamento é automático enquanto mantiver a condição. Em 2025, o valor é de R$ 1.518 por mês.

  2. Abono salarial (PIS/Pasep) — trata-se de um pagamento anual aos trabalhadores que, no ano-base, preencheram requisitos (estar cadastrado no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos, ter recebido em média até dois salários-mínimos, e ter trabalhado ao menos 30 dias com carteira assinada no ano-base). O valor pode chegar ao total de um salário-mínimo (R$ 1.518 em 2025), dependendo do número de meses trabalhados no ano-base. O pagamento segue um calendário e, muitas vezes, é creditado automaticamente na conta indicada pelo trabalhador.

Em ambas as situações o dinheiro pode “chegar” sem que o beneficiário precise ir até um posto fazer um novo cadastro — desde que os registros (do Cadastro Único, do empregador ao RAIS/eSocial, ou do próprio INSS) já estejam corretos. Isso é o que leva à sensação de que o benefício “cai sozinho”.

Por que a expressão “sem precisar fazer nada” é enganosa

A maior parte dos beneficiários que recebem valores automaticamente já cumpriu requisitos ou fez ações anteriores: trabalhar com carteira assinada, ter os dados enviados pelo empregador, ou ter se inscrito e atualizado o Cadastro Único (CadÚnico). Para o BPC, em especial, é necessário comprovar renda familiar baixa e condição de deficiência ou ter 65 anos. Ou seja, não é “dinheiro grátis” para quem nunca atendeu aos critérios nem atualizou cadastros quando exigido.

Além disso, muitos pagamentos só são liberados depois de análise documental e, em alguns casos (BPC), reavaliações e perícias. Recentemente o governo publicou regras de reavaliação e dispositivos que afetam o acesso ao BPC; quem depender desse benefício precisa estar atento às convocações e às atualizações cadastrais.

Como descobrir se você tem direito — e evitar cair em golpes

  1. Consulte fontes oficiais: para o BPC, use o site do governo e o Meu INSS; para o Abono Salarial, consulte a Caixa, o Banco do Brasil (Pasep) ou o portal do Trabalho. As páginas do gov.br e das próprias instituições trazem calendários e requisitos atualizados.

  2. Verifique o Cadastro Único (CadÚnico): muitos benefícios assistenciais exigem inscrição e atualização no CadÚnico. Se seu nome estiver desatualizado, o benefício pode não ser pago até que a situação seja normalizada. Procure o CRAS do seu município para orientação.

  3. Consulta por telefone e aplicativos: o serviço 158 (central do governo federal) e aplicativos como Meu INSS e Carteira de Trabalho Digital permitem consultas sobre elegibilidade e status de pagamento. Para o PIS/Pasep a Caixa e o Banco do Brasil também disponibilizam canais de consulta.

  4. Desconfie de mensagens que pedem dados ou taxa: nenhum benefício oficial exige pagamento para liberação. Golpes que prometem “liberar” R$ 1.518 mediante taxa, QR code suspeito, SMS com link para cadastro ou solicitação de senhas são comuns. Nunca compartilhe dados sensíveis por WhatsApp ou redes sociais. Se tiver dúvida, consulte o site oficial antes de clicar em links. (Fonte: orientação geral das instituições e órgãos de defesa do consumidor.)

Passos práticos para quem quer checar hoje mesmo

  • Para o BPC: entre no site do gov.br (serviço “Solicitar Benefício Assistencial”) ou no Meu INSS; verifique se consta pedido, situação da perícia social e eventual convocação. Em muitos municípios o CRAS também presta orientação e apoio para ingresso no benefício.

  • Para o Abono Salarial (PIS/Pasep): consulte a página da Caixa (PIS) ou do Banco do Brasil (Pasep), verifique o calendário por mês de nascimento e confirme se você tem saldo a receber; a consulta pode ser feita pela Carteira de Trabalho Digital, pelo aplicativo da Caixa ou pela central 158.

O que fazer se você achar que tem direito, mas não recebeu

  1. Reúna documentação: documentos de identificação, CPF, comprovantes de convivência (no caso de BPC) e comprovantes de trabalho (CTPS, contracheques) ajudam a acelerar a verificação.

  2. Procure atendimento: agende atendimento no INSS (online pelo Meu INSS) ou vá ao CRAS do município para casos de assistência social. Para problemas com PIS/Pasep, dirija-se a uma agência da Caixa ou do Banco do Brasil com documentos e carteira de trabalho.

  3. Denuncie golpes: comunique aos canais oficiais caso receba mensagens suspeitas. Bloqueie números e guarde provas (prints) para registro.

Por que as redes sociais exageram (ou confundem) — e o que muda em 2025

Matérias curtas, reels e posts muitas vezes misturam BPC, abono salarial e outros pagamentos que têm valores próximos. Em 2025, o salário-mínimo foi reajustado para R$ 1.518, e isso atualizou automaticamente os tetos e pagamentos que são iguais a “um salário-mínimo” — por isso você tem visto muitas referências ao número. Mas lembrar disso é essencial: o fato de o valor ser R$ 1.518 não significa que qualquer pessoa tem direito. É preciso atender à legislação e aos critérios administrativos.

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