Onde dirigir com mais segurança no Brasil? DF lidera lista e Amazonas é o último colocado

A segurança no trânsito é uma das maiores preocupações dos brasileiros, especialmente em um país com dimensões continentais e grande diversidade de realidades regionais.

Uma pesquisa nacional recente revelou quais estados oferecem as melhores e piores condições para motoristas, motociclistas e pedestres. O Distrito Federal aparece na liderança como a região mais segura para dirigir, enquanto o Amazonas ocupa a última posição, acendendo um alerta para autoridades e condutores.

O ranking nacional da segurança no trânsito

O levantamento foi feito a partir de dados oficiais do Ministério da Infraestrutura, do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), cruzando indicadores como:

  • Número de mortes por 100 mil veículos;

  • Ocorrência de acidentes graves;

  • Condições de infraestrutura viária;

  • Eficiência das fiscalizações de trânsito;

  • Taxa de veículos por habitante.

Com base nesses critérios, foi possível traçar um panorama do trânsito em cada unidade da federação. O Distrito Federal lidera o ranking, com a menor taxa de mortalidade no trânsito do país. Já o Amazonas aparece em último lugar, registrando índices preocupantes de acidentes fatais e deficiências na malha rodoviária.

Distrito Federal: exemplo de políticas públicas no trânsito

O resultado do Distrito Federal não surpreende especialistas. A capital federal já vem acumulando bons números em segurança viária há anos, resultado de uma combinação de fatores:

  1. Infraestrutura organizada – O DF possui avenidas largas, com boa sinalização e manutenção frequente.

  2. Fiscalização rigorosa – O uso de radares fixos e móveis, aliado a campanhas educativas, contribui para reduzir o excesso de velocidade.

  3. Integração entre órgãosDetran-DF, DER-DF e PRF mantêm operações conjuntas de fiscalização, o que aumenta a efetividade das ações.

  4. Educação no trânsito – Programas contínuos de conscientização nas escolas e comunidades ajudam a criar uma cultura de responsabilidade.

Essas iniciativas resultaram em queda consistente no número de mortes nos últimos dez anos, colocando Brasília entre as capitais mais seguras para dirigir na América Latina.

Amazonas: os desafios de dirigir em um estado de dimensões continentais

Se no DF as estatísticas são positivas, no Amazonas a realidade é bem diferente. O estado ocupa a última posição no ranking por enfrentar problemas estruturais e sociais que impactam diretamente na segurança viária:

  • Malha viária limitada e precária – Muitas cidades só são acessíveis por barco ou avião. As rodovias existentes, em especial a BR-319, apresentam trechos com pavimentação ruim e sinalização deficiente.

  • Baixa fiscalização – A grande extensão territorial dificulta o trabalho de monitoramento e controle do trânsito, especialmente em áreas mais remotas.

  • Crescimento desordenado da frota – O aumento do número de motocicletas, sem o acompanhamento de políticas públicas adequadas, contribui para elevar os índices de acidentes fatais.

  • Condições climáticas adversas – Chuvas intensas e alagamentos frequentes tornam a direção mais arriscada.

Segundo especialistas, sem investimentos em infraestrutura e políticas de educação para o trânsito, a situação tende a se agravar.

Como estão os outros estados brasileiros?

O ranking também mostra disparidades interessantes entre diferentes regiões do país:

  • Sul e Sudeste: estados como São Paulo, Paraná e Santa Catarina aparecem bem posicionados, graças a redes rodoviárias mais estruturadas, maior presença de pedágios e investimentos em monitoramento eletrônico.

  • Nordeste: há grandes variações. Pernambuco e Ceará registram bons índices de fiscalização, mas Alagoas e Maranhão ainda sofrem com altos números de acidentes.

  • Centro-Oeste: além do DF, Mato Grosso do Sul se destaca positivamente, mas Mato Grosso enfrenta dificuldades devido ao tráfego intenso de caminhões em rodovias de escoamento da produção agrícola.

  • Norte: além do Amazonas, estados como Acre e Roraima também aparecem entre os piores, refletindo problemas de isolamento geográfico e carência de infraestrutura.

O peso das motocicletas nas estatísticas

Um dos pontos mais relevantes do estudo é o impacto das motocicletas nos índices de acidentes fatais. No Brasil, cerca de 35% das mortes no trânsito envolvem motociclistas, proporção ainda maior em estados do Norte e Nordeste, onde a moto é o principal meio de transporte.

No Amazonas, por exemplo, a motocicleta é responsável por quase metade das ocorrências fatais. Já no DF, onde o uso do carro é mais predominante e a malha viária é mais adequada, esse percentual é significativamente menor.

Educação e fiscalização: os pilares da segurança no trânsito

Especialistas destacam que dois fatores são determinantes para melhorar os indicadores de trânsito: educação e fiscalização.

  • Educação: campanhas de conscientização sobre uso de cinto de segurança, respeito aos limites de velocidade e não dirigir sob efeito de álcool são fundamentais. No DF, esses programas têm mostrado resultados consistentes.

  • Fiscalização: a presença de radares, blitzes da Lei Seca e monitoramento eletrônico inibe comportamentos de risco. Já em estados com fiscalização frágil, como o Amazonas, motoristas tendem a assumir mais riscos, aumentando a probabilidade de acidentes.

A meta da ONU e os desafios do Brasil

Vale lembrar que o Brasil é signatário da Década de Ação pela Segurança no Trânsito, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estabeleceu como meta reduzir em 50% o número de mortes no trânsito até 2030. Embora o país tenha registrado avanços, ainda está distante do objetivo.

O contraste entre o DF e o Amazonas ilustra bem os desafios nacionais: enquanto algumas regiões avançam com políticas públicas eficientes, outras ainda enfrentam problemas básicos de infraestrutura e fiscalização.

O que pode ser feito para melhorar?

Para especialistas em mobilidade e segurança viária, algumas medidas são urgentes:

  1. Investimento em rodovias – Melhorar pavimentação, sinalização e iluminação em estradas federais e estaduais.

  2. Ampliação da fiscalização – Uso de tecnologia, como radares inteligentes e drones, para monitorar áreas de difícil acesso.

  3. Fortalecimento da educação no trânsito – Inclusão do tema de forma mais efetiva nas escolas e campanhas contínuas de conscientização.

  4. Incentivo ao transporte coletivo – Reduzir a dependência de veículos individuais pode diminuir congestionamentos e acidentes.

  5. Atenção especial às motocicletas – Programas de capacitação de motociclistas e políticas públicas que incentivem o uso seguro do veículo.

Motorista brasileiro: entre a responsabilidade individual e a cobrança por melhorias

Embora o ranking mostre diferenças regionais significativas, a segurança no trânsito também depende do comportamento individual de cada motorista. Respeitar a legislação, evitar o uso do celular ao volante, não misturar álcool e direção e manter a manutenção do veículo em dia são atitudes que fazem a diferença no dia a dia.

Ao mesmo tempo, especialistas lembram que o poder público tem papel essencial. Sem rodovias em boas condições, transporte público eficiente e fiscalização presente, o risco de acidentes permanece alto, especialmente em regiões mais vulneráveis.

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