“Nunca quisemos ser milionários”: brasileira está entre os 100 mais influentes em IA oferecendo solução gratuita ao SUS

Em setembro de 2025, a farmacêutica brasileira Ana Helena Ulbrich foi reconhecida pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes no mundo da inteligência artificial (IA). Ao lado de nomes como Elon Musk e Sam Altman, Ulbrich se destaca por sua abordagem ética e altruísta na aplicação da IA, especialmente em benefício do Sistema Único de Saúde (SUS).
A gênese da NoHarm.ai
Natural de Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul, Ana Helena Ulbrich fundou a NoHarm.ai em parceria com seu irmão, Henrique Dias, cientista de dados.
A motivação surgiu de uma experiência pessoal: Ulbrich presenciou um erro de prescrição médica que quase resultou em um incidente grave. Esse episódio a levou a idealizar uma ferramenta que utilizasse IA para auxiliar farmacêuticos na revisão de prescrições, prevenindo erros e promovendo a segurança dos pacientes.
A NoHarm.ai foi concebida como uma plataforma de código aberto, permitindo que outras instituições e profissionais de saúde adaptassem e implementassem a tecnologia conforme suas necessidades. A proposta era clara: oferecer uma solução gratuita ao SUS, sem fins lucrativos, priorizando o bem-estar coletivo em detrimento de interesses financeiros.
Desafios e escolhas éticas
Durante o desenvolvimento da NoHarm.ai, os irmãos Ulbrich e Dias foram abordados por investidores interessados em apoiar financeiramente o projeto. No entanto, após uma reunião com um potencial investidor, ficou claro que seus objetivos não estavam alinhados.
“Nosso propósito era entregar a ferramenta gratuitamente ao SUS, e isso não é interessante para nenhum investidor”, afirmou Ulbrich. Essa incompatibilidade de valores levou-os a rejeitar aportes financeiros, optando por uma trajetória independente sustentada por prêmios e editais de instituições como Google, Amazon e a Fundação Gates.
Ulbrich destaca que essa decisão foi fundamental para manter a integridade do projeto. “Só se comprovou que a nossa decisão foi a melhor. Temos parceiros que apoiam e divulgam a NoHarm por causa dessa decisão. Eles veem que temos o propósito de melhorar o sistema de saúde, não o propósito do lucro”, afirmou.
Reconhecimento internacional e impacto global
A inclusão de Ana Helena Ulbrich na lista TIME100 AI 2025 não apenas reconheceu sua contribuição para a IA, mas também destacou a importância de iniciativas que priorizam o bem-estar social. A NoHarm.ai tem sido adotada por diversos hospitais públicos no Brasil, contribuindo para a redução de erros de medicação e melhorando a segurança dos pacientes.
Além disso, Ulbrich tem sido convidada para palestras em países como Estados Unidos, Egito e Emirados Árabes, onde compartilha sua experiência e promove a ética na aplicação da IA. Ela enfatiza que a inteligência artificial deve ser utilizada como suporte às decisões humanas, sempre explicando suas referências e processos de decisão.
Desafios éticos e o futuro da IA
Apesar do sucesso da NoHarm.ai, Ulbrich alerta para os desafios éticos que envolvem o uso da IA, especialmente no contexto da saúde pública. Ela enfatiza a importância de garantir que as tecnologias sejam acessíveis a todos e que não reproduzam desigualdades existentes.
Ulbrich também destaca a necessidade de uma regulamentação mais robusta para a IA, que assegure a transparência, a privacidade dos dados e a equidade no acesso às tecnologias. Ela acredita que iniciativas como a NoHarm.ai podem servir de modelo para outras áreas da saúde e até mesmo para outros setores públicos, demonstrando que é possível inovar com responsabilidade e compromisso social.