Bancos devem avisar clientes sobre débito automático interbancário; veja o que muda

Os clientes bancários no Brasil passaram a contar com uma nova proteção: desde o dia 23 de outubro de 2025, as instituições financeiras que aderiram à autorregulação proposta pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estão obrigadas a notificar previamente os clientes antes de efetivar um débito automático interbancário.

A medida cobre operações de débito automático interbancário — ou seja, aquelas em que o cliente autoriza uma empresa ou prestador de serviço a debitar automaticamente de sua conta, e essa empresa utiliza banco distinto daquele em que o cliente possui conta.

Segundo o comunicado, o alerta precisa ser enviado até cinco dias antes da primeira cobrança, por meio de aplicativo bancário, SMS ou outro canal oficial.

A comunicação deve conter informações como o nome da instituição que irá receber o débito, o valor a ser debitado e os meios de contato para esclarecimento.

A novidade é resultado de um crescente volume de reclamações de correntistas que contestavam débitos automáticos “não reconhecidos” ou autorizados erroneamente — o que vem gerando ações judiciais e desgaste para bancos e clientes.

Por que a regra sobre o débito automático surgiu

Nas últimas décadas, o débito automático tem sido uma forma prática e amplamente utilizada para pagamento de contas — desde água, luz, internet até assinaturas e serviços diversos.

Contudo, a modalidade de débito automático interbancário (empresa num banco, cliente em outro) em alguns casos apresentou fragilidades claras: clientes alegavam não ter autorizado, ou não estar plenamente informados da transação.

Diante dessas reclamações, a Febraban resolveu propor um mecanismo de autorregulação para elevar a segurança e a transparência dessas operações. A exigência de aviso prévio serve como proteção ao consumidor e como mecanismo de governança no sistema financeiro.

Além disso, com maior competição entre bancos e fintechs, bem como aumento de contas digitais e serviços online, a complexidade e o volume dessas operações cresceram — exigindo nova atenção regulatória.

Como funciona o aviso e o que deve conter

A regra estipula que, para débitos automáticos interbancários, o banco onde o cliente tem conta deve enviar ao cliente um alerta prévio, até 5 dias antes da primeira cobrança automática. Esse alerta deve conter:

  • O nome da instituição que vai receber o débito;

  • O valor ou estimativa do valor que será debitado;

  • O prazo a partir do qual ocorrerá o débito automático;

  • Os canais de atendimento para que o cliente questione ou recuse a operação.

O canal de envio pode ser via aplicativo bancário, SMS, e-mail ou outro meio oficial já comunicado ao cliente. A ideia é garantir que o cliente tenha conhecimento real da operação antes que o débito ocorra.

Importante: essa regra incide sobre a primeira cobrança automática feita pelo débito interbancário. Após a primeira, a manutenção poderá ocorrer conforme contrato ou autorização prévia do cliente, mas o aviso prévio dá o cliente direito de recusar ou cancelar antes de ser debitado.

Quem é atingido por essa medida

Clientes bancários

Qualquer pessoa que tenha conta em banco ou instituição financeira que aderiu à autorregulação da Febraban e que esteja sujeita a débito automático interbancário. Ou seja: se você possui conta em um banco “A” e autorizou empresa ou serviço que debitará sua conta automaticamente e essa empresa utiliza banco “B”, haverá aviso prévio.

Instituições financeiras

Bancos, fintechs e instituições participantes da autorregulação devem adequar seus sistemas para gerar, enviar e registrar o aviso prévio ao cliente. Instituições que ainda não aderiram podem vir a seguir cronogramas ou regulamentos adicionais.

Empresas prestadoras de serviço

Elas não são diretamente responsáveis pelo aviso — essa incumbência recai sobre o banco da conta do cliente — mas devem estar preparadas para eventuais recusa ou cancelamento por parte do cliente, e para lidar com meios alternativos de pagamento se o débito automático não for ativado.

Benefícios esperados

  • Maior transparência: o cliente passa a saber antecipadamente que débito automático será iniciado, em qual instituição e de quanto será o valor.

  • Maior controle do consumidor: quem não deseja que débito ocorra poderá recusar ou cancelar antes de a cobrança ser realizada, o que reduz surpresas e erros.

  • Menos fraudes ou operações não autorizadas: com pré-aviso e possibilidade de questionamento, o risco de cobranças indevidas diminui.

  • Melhoria na reputação das instituições financeiras: menos reclamações relacionadas a débitos automáticos evitados ou contestados melhora a confiança dos clientes no sistema.

Botão Voltar ao topo