Alívio no bolso? Inflação projetada para 2025 recua para 5,17%

O mercado financeiro revisou para baixo a projeção da inflação oficial para o ano de 2025, agora estimada em 5,17%. A nova previsão foi divulgada no Boletim Focus, publicação semanal do Banco Central (BC) que reúne as expectativas de analistas e instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos do país.

A queda, embora modesta, sinaliza uma melhora no cenário inflacionário a médio prazo e pode ter implicações diretas para o bolso do consumidor, as políticas de juros e o crescimento econômico do Brasil.

A seguir, explicamos o que motivou essa revisão, quais os impactos esperados e como essa mudança pode influenciar os rumos da economia brasileira nos próximos meses.

Inflação sob controle? Nova projeção aponta leve alívio

De acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (data fictícia), os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2025 de 5,20% para 5,17%. Embora o corte seja pequeno, ele reflete uma percepção mais positiva sobre a trajetória da inflação no médio prazo.

O IPCA é o indicador oficial utilizado pelo governo para medir a inflação no país e é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele serve como base para definir a política de juros do Banco Central e para reajustar salários, aposentadorias, aluguéis, tarifas e outros contratos.

Essa nova projeção sugere que o mercado começa a acreditar que o Banco Central terá mais sucesso no controle da inflação nos próximos anos, mesmo com os desafios internos e externos que a economia enfrenta.

Por que a projeção foi reduzida?

Alguns fatores explicam essa leve melhora na expectativa inflacionária:

1. Redução no preço das commodities: A queda recente no preço de commodities como petróleo, soja e milho ajuda a aliviar pressões sobre os custos de produção e transporte, o que tende a se refletir nos preços ao consumidor.

2. Valorização do real: O fortalecimento da moeda brasileira em relação ao dólar, observado nas últimas semanas, contribui para baratear produtos importados, como alimentos industrializados e combustíveis, o que também ajuda a conter a inflação.

3. Expectativa de política monetária mais estável: Com a taxa Selic atualmente em 10,50% ao ano e a possibilidade de cortes graduais ao longo de 2025, o mercado espera que o Banco Central consiga calibrar os juros de forma a conter a inflação sem prejudicar demais a atividade econômica.

4. Melhor previsibilidade fiscal: As últimas sinalizações do governo federal em relação ao controle dos gastos públicos e à busca por superávits primários (mesmo que tímidos) ajudaram a melhorar a confiança do mercado e reduzir a percepção de risco fiscal, um dos motores da inflação.

Inflação abaixo do teto da meta: um alívio parcial

A meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2025 é de 3,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o IPCA poderá variar entre 1,5% e 4,5% e ainda assim ser considerado dentro da meta.

Com a nova projeção de 5,17%, o mercado ainda espera que a inflação fique acima do teto da meta, o que demonstra que o cenário não é de euforia.

Ainda há um caminho significativo a percorrer para que o Brasil volte a apresentar uma inflação estável e previsível dentro dos parâmetros ideais.

Impactos no seu dia a dia

Mesmo com uma leve queda na projeção da inflação, os efeitos práticos para o cidadão comum ainda são limitados — mas não desprezíveis.

1. Poder de compra: A desaceleração da inflação ajuda a preservar o poder de compra dos salários. Se os preços sobem menos, o salário “dura mais” no fim do mês. Isso é especialmente relevante para trabalhadores com rendimentos fixos, aposentados e beneficiários de programas sociais.

2. Juros e crédito: Uma inflação menor abre espaço para cortes na taxa básica de juros (Selic), o que pode baratear linhas de crédito como financiamento imobiliário, empréstimos pessoais e rotativo do cartão de crédito.

3. Investimentos: Investidores tendem a buscar ativos mais arriscados quando a inflação está sob controle, como ações e fundos imobiliários, já que o retorno da renda fixa se torna menos atrativo. Com isso, o mercado de capitais pode ganhar dinamismo.

4. Consumo e crescimento: Menor inflação pode estimular o consumo, já que as famílias se sentem mais confiantes para gastar. Esse movimento, por sua vez, tende a impulsionar o crescimento econômico, beneficiando setores como varejo, serviços e indústria.

O que dizem os especialistas

Economistas ouvidos por diferentes veículos da imprensa apontam que a revisão do IPCA para 2025, embora tímida, é um sinal importante de que o país pode estar retomando o controle da inflação — um dos principais entraves ao crescimento nos últimos anos.

Segundo João Borges, economista-chefe de uma gestora de investimentos, “a redução da expectativa de inflação é positiva, mas ainda há um descompasso entre a meta e as projeções. O Banco Central precisará manter o foco no equilíbrio entre juros, câmbio e confiança fiscal.”

Já a professora de economia da FGV, Carla Santoro, alerta que “a inflação segue pressionada por itens como alimentos e serviços. A expectativa de 5,17% mostra que há uma trajetória de desinflação, mas ainda estamos longe da meta central”.

Selic, PIB e câmbio: outras previsões do Boletim Focus

Além da inflação, o Boletim Focus também apresentou novas projeções para outros indicadores importantes:

  • Taxa Selic: A expectativa para 2025 segue em 9,00% ao ano, o que representa um cenário de juros ainda elevados, porém em tendência de queda.

  • Crescimento do PIB: O Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,0% em 2025, mesma previsão da semana anterior.

  • Dólar: A cotação da moeda americana deve fechar 2025 em R$ 5,10, segundo a mediana das projeções.

Esses números ajudam a compor o cenário econômico esperado para o próximo ano e a orientar as decisões de empresas, investidores e o próprio governo.

Riscos que ainda preocupam

Apesar da melhora nas expectativas, o cenário ainda exige cautela. Alguns fatores podem pressionar a inflação no médio prazo:

  • Clima e safra agrícola: Eventos climáticos extremos, como El Niño ou La Niña, podem afetar a produção agrícola e impactar os preços dos alimentos.

  • Cenário externo incerto: A economia global enfrenta instabilidades, com a possibilidade de novos conflitos geopolíticos, desaceleração da China e decisões de política monetária nos EUA que afetam os mercados emergentes.

  • Risco fiscal interno: Qualquer sinal de descontrole nas contas públicas, aumento excessivo de gastos ou falta de reformas pode levar à alta do dólar e à pressão sobre os preços internos.

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