Com aumento de renda, mais de 2 milhões de domicílios saem do Bolsa Família em 2025

O governo federal divulgou que mais de 2 milhões de domicílios deixaram de receber o Bolsa Família em 2025 em razão do aumento de renda das famílias ou de mudanças nas regras de elegibilidade.

Segundo dados antecipados, esse movimento reflete tanto a melhora das condições econômicas quanto a política de transição para famílias que deixam o programa por ascensão social.

De acordo com levantamento recente, cerca de 2.069.776 domicílios (dois milhões e sessenta e nove mil setecentas e setenta e seis) saíram da base de beneficiários ao longo do ano, sendo que aproximadamente 1.318.214 dessas famílias foram desligadas devido ao aumento da renda e 726.799 por conta da chamada “regra de proteção”, além de outras pequenas parcelas por desligamento voluntário ou ajustes.

Em outubro de 2025, o programa assistencial atendia cerca de 18,9 milhões de domicílios, o menor número desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para o governo, o dado sinaliza que o Bolsa Família está cumprindo um papel de porta de entrada para inclusão social, à medida que as famílias saem do programa por melhorias na renda.

Por que tantas famílias estão saindo do Bolsa Família

Elevação da renda e emprego formal

Parte expressiva dos desligamentos — mais de 1,3 milhão — se deve ao fato de que as famílias beneficiárias conseguiram elevar a sua renda per capita acima do critério de elegibilidade do Bolsa Família. Esse cenário está associado à recuperação do mercado de trabalho e à formalização de vagas no primeiro semestre de 2025.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social, cerca de 58% das novas vagas formais criadas no primeiro semestre de 2025 foram ocupadas por pessoas inscritas no Cadastro Único ou beneficiárias do programa, evidenciando que o Bolsa Família atuou como escudo socioeconômico para quem estava em situação de vulnerabilidade.

Aplicação da “regra de proteção”

Outro motivo relevante é a aplicação da chamada “regra de proteção”, mecanismo que permite que famílias que tiveram aumento de renda continuem a receber o benefício por um período de transição, desde que ainda estejam abaixo de certo patamar. No total, cerca de 726.799 famílias deixaram o programa por esta via.

Ajustes nas regras do programa

Além disso, revisões normativas recentes reduziram o tempo máximo permitido de permanência na proteção e ajustaram critérios para elegibilidade, o que também acelerou o ritmo de saída de beneficiários.

Desafios e riscos associados à transição

Embora a saída do programa seja geralmente positiva, existem riscos e desafios que devem ser considerados.

  • Sustentabilidade da renda: Um emprego formal ou renda maior pode não se manter por longos períodos. Se a renda cair abruptamente, a família pode ficar desprotegida até que retorne ao programa.

  • Atualização cadastral: A família que sai precisa manter os dados no CadÚnico atualizados para assegurar eventual retorno — descumprimento pode levar à exclusão indevida.

  • Descontinuidade de políticas de apoio: Muitas famílias que saem do Bolsa Família ainda enfrentam vulnerabilidades (moradia, saúde, escolaridade) e podem precisar de apoio complementar.

  • Impacto social local: Em regiões de maior vulnerabilidade, a redução de beneficiários pode gerar impacto sobre o consumo doméstico e economia local, se não houver nova dinâmica de emprego.

  • Comunicação e monitoramento: É fundamental que as famílias sejam acompanhadas no pós-saída e que haja mecanismos para garantir que a saída do programa não signifique corte abrupto de direitos.

Perspectivas e próximos passos

Para 2026, considerando o ritmo de desligamentos e a tendência de recuperação econômica, é possível que a base de beneficiários do Bolsa Família continue a se reduzir, embora o monitoramento de vulnerabilidade permaneça crucial.

É esperado que o governo fortaleça programas de emprego e empreendedorismo vinculados ao CadÚnico para consolidar a autonomia das famílias que deixam o programa. Também há indicação de que serão aprimorados mecanismos de acompanhamento pós-saída para evitar recaídas.

Para as famílias, o momento requer planejamento financeiro, controle das condições de emprego e atenção ao cadastro no CadÚnico para assegurar não apenas a saída do auxílio, mas a construção de trajetória sustentável.

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