Conta de energia dispara e aumenta procura por climatizadores

O aumento contínuo nas tarifas de energia elétrica tem feito com que consumidores brasileiros busquem alternativas mais econômicas para enfrentar o calor.

Nos últimos meses, a procura por climatizadores de ambiente — aparelhos que funcionam como uma opção intermediária entre ventiladores e ar-condicionado — cresceu significativamente em todo o país. Especialistas apontam que, diante do custo elevado da energia e das mudanças climáticas que intensificam períodos de calor, os climatizadores surgem como uma solução mais acessível e eficiente.

Segundo dados de associações do setor eletroeletrônico, as vendas de climatizadores registraram crescimento de 35% em comparação ao mesmo período do ano passado. A tendência é ainda mais forte em regiões tradicionalmente quentes, como o Nordeste, e em grandes centros urbanos, onde o custo da eletricidade é proporcionalmente maior.

“O aumento da conta de luz motivou os consumidores a procurar alternativas que ofereçam conforto térmico sem comprometer o orçamento doméstico”, explica André Lima, especialista em eficiência energética.

Climatizador: eficiência e economia

Diferentemente do ar-condicionado tradicional, que utiliza compressores e gás refrigerante para resfriar o ambiente, o climatizador funciona basicamente por evaporação da água.

Esse processo, conhecido como refrigeração evaporativa, reduz a temperatura do ar de maneira gradual e consome significativamente menos energia elétrica. Enquanto um ar-condicionado residencial pode consumir entre 900 a 1.500 watts por hora, dependendo do modelo, um climatizador consome em média apenas 80 a 120 watts, de acordo com fabricantes do setor.

O baixo consumo de energia é um dos principais atrativos para quem deseja reduzir a fatura de luz. Um estudo recente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) aponta que, em uma residência com consumo médio de ar-condicionado de 5 horas diárias, a economia ao utilizar climatizadores pode chegar a 70% no custo de energia. “Essa diferença faz muita diferença no bolso do consumidor, principalmente em meses de maior calor, quando a conta de luz tende a aumentar”, destaca Lima.

Mudança no comportamento do consumidor

A crise energética e o aumento das tarifas também estão mudando o comportamento de compra dos brasileiros. Consumidores relatam que passaram a avaliar o custo-benefício de cada eletrodoméstico antes de adquirir novos aparelhos.

Pesquisa realizada pelo Instituto DataEletro revelou que 62% das famílias brasileiras consideram o consumo de energia elétrica como fator decisivo na hora de comprar equipamentos para resfriamento do ar.

Além disso, há uma mudança cultural em relação ao conforto térmico. Antes, o ar-condicionado era visto como um item de luxo, disponível apenas em residências e escritórios de classe média e alta.

Hoje, com a popularização de alternativas como ventiladores modernos e climatizadores, o resfriamento do ambiente se tornou mais acessível. Fabricantes perceberam essa oportunidade e investem em modelos compactos, silenciosos e com design moderno, adequados a apartamentos e residências de pequeno porte.

Diferenciais e limitações dos climatizadores

Embora ofereçam vantagens significativas em termos de economia, os climatizadores também apresentam limitações.

Eles funcionam melhor em ambientes secos, com baixa umidade relativa do ar, e podem ser menos eficientes em regiões com clima úmido. Além disso, a redução da temperatura não é tão intensa quanto a proporcionada pelo ar-condicionado, o que pode ser um fator decisivo para consumidores que buscam um resfriamento mais potente.

“É importante que o consumidor entenda que o climatizador não substitui completamente o ar-condicionado em regiões de calor extremo. No entanto, para quem deseja melhorar a sensação térmica de maneira econômica, ele é uma excelente alternativa”, esclarece Mariana Costa, engenheira ambiental especializada em climatização.

Outro ponto positivo é a facilidade de manutenção. Enquanto aparelhos de ar-condicionado exigem limpeza periódica de filtros, gás refrigerante e manutenção técnica especializada, o climatizador necessita apenas a reposição de água e limpeza básica do reservatório, tornando-o mais prático para o dia a dia.

Impacto no mercado de eletrodomésticos

O aumento da demanda por climatizadores também impactou o mercado de eletrodomésticos. Redes de varejo relatam que os estoques de climatizadores estão sendo repostos com maior frequência, e o lançamento de novos modelos ocorre quase que mensalmente.

“O consumidor brasileiro está atento à eficiência energética e busca soluções que aliem conforto e economia. Esse movimento trouxe crescimento expressivo para a categoria”, comenta José Henrique, gerente de vendas de uma grande rede varejista.

O cenário tem levado também fabricantes a investir em tecnologias adicionais, como climatizadores com umidificação, ionização do ar e filtros de purificação, tornando o aparelho mais atrativo frente às soluções tradicionais.

Além disso, o preço médio dos climatizadores se manteve competitivo, com modelos que variam entre R$ 400 e R$ 1.200, o que representa um investimento inicial menor do que o de um ar-condicionado split, cujo valor pode ultrapassar R$ 2.500 sem considerar a instalação.

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