Bolsa Família: milhões que vivem sozinhos podem receber e não sabem

Em meio ao aumento do desemprego e à elevação dos preços de produtos básicos, muitos brasileiros têm buscado alternativas para garantir o sustento mínimo.
Um dos principais programas de transferência de renda do governo federal, o Bolsa Família, voltou reformulado e ampliado, oferecendo a possibilidade de inclusão de novos beneficiários.
Se você está desempregado e mora sozinho, é possível que se enquadre nos critérios para receber o auxílio. Neste texto, explicamos como funciona o programa, quem tem direito, quais os critérios para quem vive só e o passo a passo para se cadastrar.
O que é o Bolsa Família?
O Bolsa Família é um programa social do Governo Federal voltado para famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza.
Em 2023, o programa foi relançado com alterações importantes, substituindo o Auxílio Brasil e retornando ao nome original. Com a reformulação, houve o acréscimo de benefícios variáveis conforme a composição familiar e a renda mensal.
O objetivo principal do programa é combater a fome, a miséria e promover o acesso a direitos básicos, como saúde, educação e assistência social.
Quem pode receber o Bolsa Família?
O programa é destinado a famílias que vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica, ou seja, com renda per capita mensal de até R$ 218,00. Isso significa que o valor total da renda da casa dividido pelo número de pessoas não pode ultrapassar esse teto.
No caso de pessoas que moram sozinhas, o cálculo é feito de maneira simples: se você está desempregado ou sem renda fixa, sua renda per capita será equivalente a zero, o que o enquadra no perfil de extrema pobreza. Assim, sim, é possível receber o Bolsa Família mesmo morando sozinho, desde que o cadastro esteja correto e atualizado no CadÚnico.
CadÚnico: o primeiro passo para solicitar o Bolsa Família
O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) é o banco de dados oficial que reúne informações das famílias de baixa renda do país. Para ter acesso ao Bolsa Família, é obrigatório estar inscrito no CadÚnico.
Como se inscrever no CadÚnico:
Vá ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) mais próximo da sua residência.
Leve os seguintes documentos:
CPF ou Título de Eleitor (preferencialmente os dois);
Documento com foto;
Comprovante de residência;
Para quem mora sozinho, é importante informar isso no momento do cadastro.
Um responsável familiar (neste caso, você mesmo) será entrevistado por um agente social que registrará os dados.
Feito isso, você passará a compor o CadÚnico e poderá ser selecionado para o Bolsa Família, conforme os critérios do programa.
Morar sozinho dá direito automático ao Bolsa Família?
Não. Morar sozinho não garante automaticamente o direito ao benefício, mas é possível ser contemplado se a pessoa estiver dentro das regras do programa, especialmente quanto à renda mensal. Além disso, é importante observar que, após o cadastro, o governo realiza cruzamentos de dados com outras bases, como INSS, Receita Federal, CNIS e outros, para evitar fraudes e confirmar as informações fornecidas.
Quem mora sozinho é classificado como família unipessoal, e há uma atenção especial do governo para esses cadastros, especialmente depois de casos de fraudes ou registros inflados, como em 2022, quando houve um grande número de pessoas se declarando unipessoais para obter o Auxílio Brasil indevidamente.
Quantas pessoas morando sozinhas recebem o Bolsa Família?
Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), cerca de 19 milhões de famílias são atendidas atualmente pelo Bolsa Família, sendo aproximadamente 5 milhões classificadas como unipessoais.
No entanto, o governo vem fazendo uma revisão criteriosa desses cadastros para garantir que o benefício chegue a quem realmente precisa.
Qual o valor do Bolsa Família para quem mora sozinho?
Desde a reformulação do programa, os valores foram reajustados e agora incluem uma parcela mínima de R$ 600 por família. Assim, quem mora sozinho e cumpre todos os requisitos receberá pelo menos R$ 600 por mês.
Além disso, o programa oferece benefícios adicionais, como:
R$ 150 por criança de até 6 anos;
R$ 50 por criança ou adolescente entre 7 e 18 anos incompletos;
R$ 50 por gestante;
R$ 50 por lactante (mães que amamentam, até os 6 meses do bebê).
No caso de quem vive sozinho, esses adicionais não se aplicam, mas o valor mínimo está garantido.
Regras de permanência: condicionalidades
Mesmo morando sozinho, o beneficiário do Bolsa Família precisa cumprir algumas condicionalidades, como:
Manter o cadastro atualizado (pelo menos a cada dois anos);
Não mentir ou omitir informações;
Participar, se necessário, de ações sociais ou programas de inclusão produtiva promovidos pelo CRAS;
Comunicar qualquer mudança na situação de renda, endereço ou composição familiar.
O descumprimento dessas regras pode levar à suspensão ou cancelamento do benefício.
Como saber se fui aprovado para o Bolsa Família?
Após fazer o cadastro no CadÚnico e aguardar a análise do governo, você pode verificar se foi contemplado por meio de:
Aplicativo Bolsa Família (disponível para Android e iOS);
Aplicativo Caixa Tem;
Ligação gratuita para o número 111 ou 121 (MDS);
Comparecendo ao CRAS.
Se aprovado, você será informado da data do primeiro pagamento, que é feito mensalmente, conforme o último dígito do NIS (Número de Identificação Social).
Onde sacar o Bolsa Família?
O pagamento pode ser feito de diversas formas:
Aplicativo Caixa Tem (para movimentações online);
Caixas eletrônicos da Caixa Econômica Federal;
Casas Lotéricas;
Agências da Caixa.
Caso você não tenha conta, a Caixa abrirá automaticamente uma poupança digital social, sem custos.
Revisão de cadastros e bloqueios: fique atento!
Em 2023 e 2024, o governo iniciou um processo de revisão cadastral em massa, especialmente para famílias unipessoais. Quem não atualizar o cadastro pode ter o benefício bloqueado ou cancelado.
Por isso, se você mora sozinho e está inscrito no CadÚnico, é fundamental manter suas informações atualizadas. Para isso, vá ao CRAS com frequência ou sempre que houver mudanças, como começar a trabalhar, mudar de endereço ou passar a viver com outra pessoa.
Dicas para evitar bloqueios ou cancelamentos
Não forneça informações falsas no cadastro.
Atualize o CadÚnico a cada 2 anos ou sempre que houver mudança na situação.
Monitore seu benefício regularmente pelo app Bolsa Família ou Caixa Tem.
Se tiver o benefício suspenso, entre em contato com o CRAS para entender o motivo e, se possível, apresentar documentação comprobatória.
Outras alternativas além do Bolsa Família
Se você não for aprovado para o Bolsa Família, mas ainda estiver em situação de vulnerabilidade, vale consultar o CRAS sobre outros benefícios e programas como:
Benefício de Prestação Continuada (BPC);
Tarifa Social de Energia Elétrica;
Isenção de taxas em concursos públicos e vestibulares;
Cesta básica e outros auxílios municipais ou estaduais.